A Academia Ferroviária de Letras trouxe no dia 14 de maio na sede da Aenfer o Marquês de Viana Eduardo André Chaves Nedehf, chanceler da Sociedade Memorial Visconde de Mauá e tetraneto do Visconde. Ele participou do evento Expresso das Letras promovido pela AFL e abordou em sua palestra o tema Mauá, cidadão do Brasil e do mundo.
“Pouca gente sabe, mas o Visconde de Mauá construiu a primeira ferrovia no Japão em Yokohama em 1872, mesmo período em que ele criou também a Companhia Estrada de Ferro Central Baturité, em Foraleza – CE.”, contou o Marquês.
As duas construções eram idênticas, compostas de um pavilhão central, com frontão triangular neoclássico. A Estrada de Ferro em Fortaleza nasceu, segundo o Marquês, da iniciativa privada, porém, devido à falência do Banco Mauá & Cia., a sociedade mantenedora da empresa viu como única saída optar pela incorporação à Coroa e Tesouro do Império do Brasil. As duas ferrovias citadas, mais a Estrada de Ferro Paranaguá-Curitiba, foram as últimas obras em que a Casa Mauá & Cia., investiu, honrando seus compromissos.
Ao longo de sua trajetória profissional, Visconde de Mauá realizou muitas obras, algumas desconhecidas por grande parte da população. A de maior conhecimento foi a primeira ferrovia, a Imperial Companhia de Navegação a Vapor Estrada de Ferro de Petrópolis, inaugurada em 30 de abril de 1854, reorganizada como Estrada de Ferro Príncipe do Grão-Pará, em 1883.
Em 1872 foi construída a Estrada de Ferro de Minas a Goiás e a Santos-Jundiaí em 1862, causa principal de sua falência. Hoje, a única companhia que ainda funciona perfeitamente é a Estrada de Ferro Vitória a Minas.
Por motivo de falência, Visconde de Mauá não conseguiu terminar o famoso Canal do Panamá, mas ainda é possível ver as duas velhas locomotivas montadas na Ponta D’ Áreia, funcionando no sistema de cremalheiras, introduzidas por Mauá, puxando os atuais petroleiros e transatlânticos pelo grande Canal.
O Marquês de Viana lembrou que Mauá pagou do próprio bolso os estudos para execução da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, ficando, desde 1878, os estudos e obras paralisadas, sendo retomadas apenas no início do século XX, já por mão estrangeiras.
“Ainda que seus prédios, suas construções desapareçam, pelo menos sua memória continua viva”, finalizou o Marquês em sua apresentação.
O Marquês de Viana Eduardo Nedehf recebeu certificado de participação oferecido pela AFL. Ele veio acompanhado de sua mãe, a Marquesa de Viana Francisca Nedehf, trineta de Visconde de Mauá que foi homenageada pelo presidente da AFL Sávio Neves. Logo após, os dois foram homenageados e receberam do capelão da irmandade do Visconde de Mauá, primeiro tenente da PM do Rio de Janeiro Montenegro, uma medalha de São Bento e um terço, ambos de Roma – Itália.