Fraude em licitações de ferrovias

BRASÍLIA — Uma nova operação, desdobramento da Lava-Jato e batizada de Tabela Periódica, foi deflagrada na manhã desta quinta-feira pela Polícia Federal para o cumprimento de 44 mandatos de busca e apreensão e 14 mandatos de conduta coercitiva em Goiás e mais oito estados. O objetivo é colher provas adicionais sobre o envolvimento de empreiteiras e seus executivos em crimes de formação de cartel, fraudes e pagamento de propinas a ex-diretores da Valec, revelado pela Camargo Corrêa.

A investigação já aponta prejuízos aos cofres públicos de R$ 631,5 milhões, considerando somente trechos executados na Norte-Sul, em Goiás. O trabalho é realizado com o Ministério Público de Goiás e Conselho Administrativo e Defesa Econômica (Cade).

Entre os alvos da Operação estão as empresas Carioca Engenharia (Maurício de Castro Jorge Muniz); Constran (José Carlos Tadeu Gago Lima); Galvão Engenharia (José Henrique Massucato), Mendes Jr (Reinaldo Batista de Medeiros), Odebrecht (Pedro Augusto Carneiro Leão Neto e Ricardo Ferraz Torres), Queiroz Galvão (Luiz Ronaldo Cherulli e Rui Novais Dias), Pavotec, SPA Engenharia e CR Almeida.

Tabela Periódica faz referência ao nome que alguns dos próprios investigados deram a uma planilha de controle em que desenhavam o mapa do cartel. A operação é uma nova etapa da “O Recebedor”, deflagrada em 26 de fevereiro. Em acordo de leniência e delação premiada, a Camargo Corrêa se comprometeu a devolver aos cofres públicos R$ 800 milhões, dos quais R$ 65 milhões destinados a ressarcir danos acusados à Valec, estatal ferroviária vinculada ao Ministério dos Transportes. A empresa entregou ainda provas contra outras empreiteiras que participaram do esquema e contra José Francisco das Neves, o Juquinha, ex-presidente da Valec.

Em abril de 2015, O GLOBO revelou que o ex-presidente da Camargo Corrêa, Dalton Avancini, confessou à Justiça que a empresa pagou propina para executar obras na Ferrovia Norte-Sul. Segundo o empresário, o esquema era similar ao realizado com contratos da Petrobras investigados pela Lava-Jato e abasteceu partidos políticos e agentes públicos.

Fonte: O Globo, 30/06/2016

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