A Sociedade dos Engenheiros e Arquitetos do Estado do Rio de Janeiro (Seaerj) recebeu no dia 12 de junho o diretor Cultural e de Preservação da Memória Ferroviária da Aenfer, engenheiro Helio Suêvo Rodriguez, que abordou o cenário atual das ferrovias brasileiras. O presidente da entidade, Haroldo Mattos de Lemos fez a introdução e citou os eventos futuros proporcionados pela SEAERJ.
Helio deu início a sua apresentação fazendo uma analogia: “Será que a ferrovia vai ressuscitar assim como John Snow ressuscitou na série Game Of Thrones? ”
Ele propôs uma reflexão sobre a malha ferroviária brasileira, que desde o império aumentou apenas 3 vezes. Ou seja, em mais de 100 anos, a ferrovia brasileira teve um aumento mínimo. Dentre os 28.600 km de extensão da malha, 7000 operam plenamente, enquanto 13.100 são subutilizadas e 8.500 não são utilizadas. Segundo a ANTF, o retorno econômico exige que o país tenha pelo menos 52.000 km de ferrovias. Helio deixa claro que o país precisa de mais ferrovias e que para isso, o governo precisa retificar situações como quebras de contrato e as malhas que não operam.
O sistema metroferroviário, de passageiros, opera com um total de 1070 km de extensão sendo 50% deles concessionados. O estimado necessário para que haja equilíbrio na mobilidade urbana é a construção de 350 km² de ferrovias. Esse sistema inclui: Trem metropolitano, Trem Regional, Metrô urbano, Veículo leve sobre trilhos (VLT) e Monotrilho. No entanto, isso não ocorre pelo custo envolvido.
Helio citou como exemplo, a construção da linha 4, em que cada quilômetro custou 750 milhões de reais. Lembrando que a complexidade da construção de um metrô é maior que a de uma ferrovia comum.
Sobre os projetos previstos, o palestrante expôs o cenário prioritário, em que os projetos básico e executivo já foram elaborados. São essas: Ferrogão com 1.142 Km de extensão que ligará o Pará ao Mato Grosso; Fiol com 522 Km de extensão, uma ferrovia de integração Oeste e Leste; Norte-Sul com 670 Km de extensão, que passará por São Paulo, Minas Gerais, Goias e Tocantins.
Segundo o ministro dos transportes, no segundo semestre desse ano esses projetos serão realizados. Após toda a situação passada com os protestos de caminhoneiros, essa medida visa tirar o foco dos transportes do meio rodoviário.
O Rio de Janeiro possui uma proposição de ingresso no Plano Nacional de Logística. A ABENC participou de reuniões com Delmo Pinho, em que novos planos de ferrovias entre Rio e São Paulo foram desenhados e estipulados em projetos. Dentre elas a EF-118, que liga Nova Iguaçu a Campos e Campos a Vila Velha; e a IF-154, que liga Campo a Minas.
Comparando a malha ferroviária mundial, o Brasil está em 11° lugar em extensão ferroviária. Segundo Helio, a China pulará de posição no ranking até 2023, ficando bem próxima ao primeiro lugar. No Brasil, a ferrovia prosperou até o final da década de 1950. As principais causas para sua decadência são: O consumo de recursos públicos abusivos no período de transição do regime Imperial ao Republicano; Crise na economia cafeeira na década de 40, que esgotou o modelo de transporte rodoviário; A partir de 1945, o sistema rodoviário Nacional chega ao seu limite com a indicação de um superávit para déficit; política de governo equivocada a partir de 1956, que privilegiou o transporte rodoviário por conta da força das montadoras internacionais e de grandes grupos petroleiros.
Esses fatos auxiliaram o desenvolvimento do transporte rodoviário no país.
Os benefícios das ferrovias sobre as rodovias incluem: Redução de conflitos urbanos, congestionamentos, acidentes e atropelamentos; Aumento da capacidade dos transportes; Redução de emissão de poluentes; Redução de custo de transporte.
O palestrante elucidou dúvidas da plateia e comandou um debate sobre a situação atual e como melhorar as coisas. Foi muito aplaudido e recebeu das mãos do presidente o certificado de reconhecimento.
Fonte: Texto e fotos: SEAERJ – 18/06/2018
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