Peças que seriam utilizadas na extensão da linha 4 do metrô do Rio estão abandonadas ao ar livre; obra não tem previsão para acontecer

Peças que seriam utilizadas nas obras de extensão da linha 4 do metrô, avaliadas em cerca de R$ 50 milhões, estão abandonadas em um depósito na Avenida Francisco Bicalho, no Centro do Rio. As obras ainda não têm previsão para acontecer.

O galpão ao lado da Estação Leopoldina é uma fábrica de aduelas — cada uma das tábuas encurvadas do corpo de tonéis, pipas, barris, criada exclusivamente para atender à construção da linha 4 do metrô.

Em imagens aéreas feitas pelo RJ1 é possível observar a quantidade de material deixado ao ar livre. Tudo no meio do mato. No total, são 740 peças.

“Essa demora na continuação ou complementação das obras da linha 4, no trecho que liga o Alto Leblon até a importante estação da Gávea, depende na verdade de ajustes políticos e também de questões orçamentárias, já que não há esse dinheiro disponível”, informou Marcus Quintella, diretor da FGV Transportes.

Segundo a concessionária Rio Barra S/A, responsável pela linha 4, cada conjunto está avaliado em quase R$ 66,7 mil. E o estoque todo, deixado no terreno, em aproximadamente R$ 49,4 milhões.

As peças de concreto foram fabricadas sob medida para revestir a extensão da linha 4 do metrô até a Estação da Gávea. Entretanto, a obra está parada desde 2015.

Pessoas que passam ou trabalham perto do depósito se impressionam ao saber que as peças estão largadas.

“Acho que paralisaram [as atividades]. Não vejo caminhão entrando, não vejo nada assim, entendeu?”, observou o taxista José dos Reis.

“Um absurdo! Só dinheiro público jogado no lixo”, comentou a empregada doméstica Maria Aparecida.

Histórico da linha
A construção do caminho de trilhos que liga Ipanema, na Zona Sul, à Barra da Tijuca, na Zona Oeste, começou em 2010, doze anos depois do contrato de concessão ter sido assinado pelo Governo do Estado.

O metrô começou a circular pela linha 4 em 2016, para as Olimpíadas do Rio. Mas a extensão até a Gávea ficou para depois e, até agora, não andou.

De acordo com o Tribunal de Contas do Estado, o projeto apontou um superfaturamento de R$ 3,7 bilhões. As obras custaram, até agora, R$ 9, 5 bilhões.

Segundo a concessionária Rio Barra, a estação está 50% pronta. Além disso, a empresa contesta a auditoria do TCE, afirmando que o superfaturamento foi de R$ 128 milhões.

De abril a julho, o RJ1 mostrou parte do dinheiro investido na construção parado. A reportagem mostrou trilhos empilhados e a grande máquina alemã trazida para escavar os túneis, o “Tatuzão”, sem funcionar há mais de 5 anos, desde abril de 2016.

O secretário Estadual de Transportes, André Luiz Nahass, informou que ainda não há prazo para o andamento das obras.

“Sempre à luz das decisões do Tribunal de Contas. Isso ainda tem que passar por uma série de discussões”.

Também prometeu que as aduelas da Gávea, paradas na Leopoldina, não correm o risco de estragar.

“Eu consultei a Rio Trilhos, que é a empresa responsável, e ela me disse que as aduelas não correm risco de deteriorações. Elas são feitas de um material resistente, inclusive às variações climáticas”, completou.

O que dize os envolvidos
A concessionária Rio Barra afirmou que as aduelas não estão abandonadas, mas armazenadas. Disse também que espera a decisão do Estado para retomar as obras da Estação da Gávea.

Declarou ainda que faltam 1.200 metros de túneis para chegar à Gávea, e que a linha atenderá cerca de 22 mil usuários por dia quando estiver pronta, além de gerar 3 mil empregos quando as obras forem retomadas.

O Tribunal de Contas do Estado disse que novas informações serão divulgadas quando analisar novamente os fatos.

Fonte: G1, 13/12/2021

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