Caterpillar e Hitachi vão investir no Brasil

Grupo americano anunciou fábrica de locomotivas em Sete Lagoas ( MG ) e empresa japonesa negocia a instalação de unidade em Araraquara ( SP ) : investimentos no  setor ultrapassam R$ 250 milhões nos próximos três anos.

O Brasil terá duas novas fábricas de locomotivas. Uma delas será em Sete Lagoas (MG), um projeto de R$ 31,5 milhões do grupo americano Caterpillar, e a outra em Araraquara (SP), resultado da parceria que será assinada entre a japonesa Hitachi e a brasileira Iesa.

A intenção da Caterpillar – uma das maiores fabricantes de máquinas pesadas do mundo – de ter uma fábrica local de locomotivas de alta potência foi anunciada no fim de 2010. Ontem, o grupo anunciou que o projeto será em Sete Lagoas (MG).

A unidade será instalada pela Progress Rail Services, subsidiária da gigante americana. Será a primeira da empresa na América do Sul e deve atender toda a região, diz o presidente da Progress, Billy Ainsworth. A obra deve ser iniciada ainda este ano para aproveitar o bom momento do setor ferroviário no País.

As negociações com o governo mineiro começaram no início do ano e
foram concluídas na semana passada. O Estado apurou que o investimento total será de R$ 31,5 milhões, com a geração de 510 empregos diretos.

A fábrica vai ter capacidade para produzir anualmente 70 locomotiva acima de 4 mil HP. As máquinas terão a marca da Electro-Motive Diesel Inc. A empresa, subsidiária da Progress Rail Services, é líder no setor e tem hoje aproximadamente 33 mil locomotivas em operação.

“Estamos orgulhosos em anunciar a abertura dessa unidade, que vai nos permitir produzir locomotivas para nossos clientes brasileiros e continuar a fornecer produtos de qualidade para nossos clientes em todo o mundo”, afirmou Ainsworth.

A unidade vai ser operada pela MGE Equipamentos e Serviços Ferroviários Ltda, outra subsidiária da Progress. A empresa, especializada na fabricação de peças e motores para locomotivas, foi comprada pela Caterpillar em 2008 como parte do plano de investimento da multinacional no mercado da América do Sul.

Segundo o prefeito de Sete Lagoas, Mário Márcio Maroca, a fábrica, que terá 12 mil metros quadrados, será construída em terreno que pertenceu à antiga Rede Ferroviária Federal (RFFSA) e hoje é de propriedade da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA). A área já tem galpões e linhas férreas instalados e será cedida por meio de comodato à Caterpillar.

“A unidade vai oferecer à nossa organização uma localização excepcional a partir da qual nós vamos produzir locomotivas de qualidade internacional”, salientou Ainsworth.

Ao instalar a fábrica em Sete Lagoas, a 70 quilômetros de Belo Horizonte, a Caterpillar se aproxima de sua principal concorrente, a GE, instalada na região metropolitana da capital mineira, onde estão também seus principais fornecedores. No fim de 2010, a GE informou que pretende investir US$ 35 milhões nos próximos três anos para dobrar sua capacidade anual de produção, atualmente de cerca de 120 máquinas.

Investimentos. Hitachi e Iesa não confirmam oficialmente a nova fábrica de monotrilhos em Araraquara, pois dizem que só comentarão o assunto quando as negociações forem concluídas. O prefeito do município, Marcelo Barbieri, dá como certo o projeto e divulgou que o governador Geraldo Alckmin fará o anúncio em meados de agosto.

O Consórcio Monotrilho Integração – formado pelas empresas Scomi, Andrade Gutierrez, CR Almeida e Montagens e Projetos Especiais -, que ganhou concorrência para a construção da linha 17-Ouro, que vai do Jabaquara ao Morumbi, deve ativar uma antiga fábrica em Seropédica (RJ) nos próximos meses.

O presidente da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer), Vicente Abate, informa que o setor vai investir R$ 250 milhões nos próximos três anos, valor que não inclui os novos projetos. De 2003 a 2010 foram investidos R$ 1,1 bilhão.

Segundo ele, o mercado brasileiro deve consumir este ano 5 mil vagões, ante 3,3 mil em 2010. As fábricas instaladas no País têm capacidade anual para 12 mil vagões de carga ao ano. A Abifer calcula demanda de 40 mil equipamentos até 2019.

Fonte: O Estado de S. Paulo, 26/07/2011

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