Cariocas são os que mais gastam tempo com transporte

Pela primeira vez, os recenseadores do IBGE pesquisaram o tempo de deslocamento dos brasileiros entre a casa e o trabalho.

Às 5h30 da manhã, o técnico em eletricidade Paulo Roberto Santos Junior sai para o trabalho. O começo da maratona de quase 80 quilômetros entre Japeri, na baixada fluminense, e o Rio é a pé. Em um primeiro trajeto, foram 10 minutos até a estação de trem.

Como Japeri é a primeira estação, quem pega trem no local tem mais chances de ir sentado. Mas é o único conforto. As condições dos vagões são péssimas.

Como a lotação é inevitável, para aliviar o calor alguns passageiros forçam uma situação de risco: porta aberta com o trem em movimento. Só essa parte da viagem pode levar quase duas horas.

As reclamações fazem todo sentido. O Censo 2010 do IBGE mostra que Japeri é a cidade do país onde os moradores levam mais tempo para chegar ao trabalho. Das 27.329 pessoas empregadas, 20,6% levam mais de duas horas no deslocamento. Em todo o país, sete milhões de brasileiros levam mais de uma hora de casa até o emprego.

Entre os estados, o Rio de Janeiro é o campeão de demora nessa jornada. É onde há a maior proporção de pessoas que precisam de mais de uma hora no trajeto.

Na comparação com outras capitais, é em São Paulo que se perde mais tempo. Lá, 31,03% dos moradores levam mais de uma hora no transporte para o trabalho.

A viagem de trem de Paulo Roberto atrasou: durou uma hora e 43 minutos. Na Central do Brasil, ele ainda tem que pegar o metrô. Mas a estação no bairro para onde ele vai não é tão perto do trabalho. É preciso mais uma caminhada com passos apressados para não chegar atrasado.

Mas não vamos nos esquecer que Paulo Roberto começou o dia andando: foram mais 15 minutos. Total: duas horas e 23 minutos.

Para ir e voltar do trabalho, quando tudo dá certo, são praticamente cinco horas nesse deslocamento por dia, todos os dias da semana.

“É estressante, cansativo. Perco mais tempo no trânsito do que produzindo”, comenta Paulo Roberto.

Fonte: Jornal Nacional, 03/05/2012