Pesquisa realizada por especialistas da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) aponta que se o metrô de São Paulo deixasse de funcionar durante um ano inteiro, a concentração de poluentes na capital paulista aumentaria 75% e as mortes causadas por problemas cardiorrespiratórios cresceriam entre 9% e 14%. Além de todos esses problemas, o município teria que desembolsar US$ 18 bilhões com investimentos voltados à saúde pública.
Para chegar a estes dados, cientistas compararam o nível de poluição no ar de São Paulo em dias normais e em dias de greve de metroviários – uma que ocorreu em 2003 e outra em 2006. Também analisaram as mortes adicionais nos dias de paralisação e calcularam a perda de produtividade que isso representa.
Em 2003, a concentração de poluentes em um dia normal foi de 41 microgramas por metro cúbico (µ/m³). No dia da greve o número saltou para 101,49 µ/m³. Foi encontrado o equivalente a oito mortes adicionais associadas à poluição durante a paralisação, o que representa aumento de 14% e um custo de US$ 50 milhões.
No ano de 2006, o impacto encontrado foi menor. A concentração de poluição saltou de 43.99 µ/m3 no dia controle para 78.02 µ/m³ durante a greve. As mortes adicionais foram seis, o que corresponde a um aumento de quase 9% e a uma perda de produtividade de US$ 36 milhões.
Com base nesses resultados, os pesquisadores fizeram uma estimativa do custo para a saúde caso o metrô ficasse um ano inteiro sem funcionar. O resultado foi de US$ 18 bilhões.
Segundo dados do Instituto Nacional de Análise Integrada do Risco Ambiental (Inaira), 90% da poluição atmosférica em São Paulo é gerada por carros, motos e caminhões. O transporte individual é responsável por 45% dos deslocamentos na cidade, enquanto o transporte público corresponde a 55%.
Entre os meios de transporte de massa, os ônibus são responsáveis por levar 71% dos passageiros, o metrô fica com 24% e o trem, com 5%. De acordo com os pesquisadores, enquanto três pistas de carro em uma avenida como a marginal do rio Tietê têm capacidade de transportar 5,45 mil passageiros por hora, uma pista de ônibus leva até 6,7 mil pessoas e um trilho de metrô, 60 mil.
Fonte: O Globo 28/06/2012