Expresso das Letras

DOCUMENTAÇÃO FERROVIÁRIA – SOS

Nossa história corre risco

Abandono, desleixo, irresponsabilidade – essas são as causas de uma tragédia que se abate sobre a documentação ferroviária, um dos mais valiosos patrimônios das estradas de ferro.

Relatórios, correspondências, manuais técnicos, instruções de serviço e até mesmo registros funcionais dos empregados não receberam o justo tratamento que mereciam no processo de desestatização da RFFSA, sua liquidação e extinção.Espalhados pelo Brasil, em sua quase totalidade desprotegidos e muitos deles amontoados pelo chão, sujeitos a infiltrações de água e ao ataque de ratos,milhares de documentos que registram nossa história já foram destruídos ou danificados. Jogaram no lixo parte fundamental da memória ferroviária.

Esse quadro dantesco foi apresentado no evento “Expresso das Letras”,

promovido pela AFL – Academia Ferroviária de Letras, pela AENFER e pelo

Instituto Uniarte, no Auditório da Associação, no dia 9 de julho. Os expositores/ debatedores foram o Engº José Cássio Ignarra, Diretor Técnico do MPF -Movimento de Preservação Ferroviária, e a Profª Lucina Matos, Arquivista da FIOCRUZ e Coordenadora do Núcleo de Memória do Movimento.

Ambos expuseram a verdadeira saga que o Movimento tem cumprido, desde a

sua criação em 1997, para tentar salvar, restaurar, preservar e difundir esse verdadeiro tesouro que pertence não apenas aos ferroviários mas a todo o povo brasileiro. Chocou aos presentes a demonstração da insensibilidade, da desídia,da acomodação e até mesmo da improbidade administrativa de autoridades que deveriam zelar pelo patrimônio documental da nossa saudosa RFFSA e das estradas de ferro que a constituíram.

Insucessos nessa luta não têm desanimado os preservacionistas. José Cássio

e Lucina projetaram fotos do descalabro mas também expuseram suas propostas

para novas tentativas de salvar o que resta desse importante pedaço de nossa memória. Um dos projetos é a elaboração de um Guia de Fontes da documentação Ferroviária no Rio de Janeiro, cuja produção já foi iniciada; outro, é a impetração de uma Ação Civil Pública em face de órgãos e autoridades responsáveis pelo dano a esse valioso patrimônio público, por ações ou omissões.

A AENFER, que desde o início de suas atividades zela e luta pela preservação da documentação ferroviária, apoia e participa da luta do MPF e de outras entidades que querem proteger a memória das estradas de ferro e do seu mais valioso patrimônio – o trabalhador ferroviário.

Resistir é preciso, agir é necessário e urgente. Antes que seja tarde.

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