Frota de ônibus será reduzida em 1/3 até 2016

RIO — As ruas do Rio deverão perder 2,9 mil ônibus convencionais nos próximos  quatro anos, segundo cálculos da prefeitura e da Rio Ônibus, com a plena  operação dos corredores Transoeste, Transcarioca, Transolímpico e Transbrasil. O  número representa um terço dos 8,7 mil coletivos em circulação. Veículos que  serão aposentados gradualmente com a alteração ou eliminação de linhas e a  migração dos passageiros para os “ligeirões”. Em entrevista ao GLOBO, o novo  secretário municipal de Transportes, Carlos Roberto Osório, disse que a  racionalização dos ônibus será a principal meta de sua gestão, que pretende mais  que triplicar (de 19% para 63%) o uso do transporte de alta capacicade como  trens, metrô e BRTs no total de seis milhões de viagens feitas diariamente na  cidade. Osório anunciou ainda que fará ações para aumentar a mobilidade, como  melhorias em sinais de trânsito e mais agilidade das equipes de emergência que  atuam nas vias especiais.

Há uma semana no cargo, o secretário diz que terá como meta pessoal deixar o  trânsito mais amigável, num momento em que o Rio mergulha num período intenso de  obras. E avisa: o motorista precisará ser paciente e dar sua contribuição para  minimizar os transtornos. Infrações corriqueiras, mas que comprometem a  circulação, como o fechamento de cruzamentos ou as paradas em locais proibidos,  não serão toleradas.

— O grosso das viagens hoje é em ônibus convencional, com uma quantidade  gigantesca de linhas. Isso mudará radicalmente com os corredores expressos.  Concluir os BRTs é o norte da secretaria. A mudança será gradual, mas em meio a  muitas obras. Vamos precisar da compreensão do carioca, que terá que reavaliar  seus hábitos, rever seus horários, evitar ao máximo o deslocamento de carro. E  será necessário que ele migre para o transporte de alta capacidade — diz  Osório.

Tirar do papel 150 quilômetros de corredores expressos provocará um impacto  significativo na rotina. O último trecho do Transoeste, entre Campo Grande e  Santa Cruz, deverá entrar em funcionamento no primeiro semestre de 2013, mesmo  período em que a secretaria espera começar a operar o trecho Barra da  Tijuca-Taquara do Transcarioca. A viagem completa no corredor até o Aeroporto  Internacional Tom Jobim, passando pelo subúrbio, está prevista para os primeiros  meses de 2014. Já os corredores Transolímpico (Barrra-Deodoro) e Transbrasil  (Deodoro-Aeroporto Santos Dumont) deverão ficar prontos em dezembro de 2015.  Além disso, os motoristas terão que dividir espaço com as obras do metrô (na  Zona Sul), do Porto Maravilha (na Zona Portuária), do Veículo Leve sobre Trilhos  (no Centro), de reurbanização do entorno do Maracanã (na Grande Tijuca) e das  instalações olímpicas (na Barra).

Em meio a esse imenso canteiro de obras, a secretaria vai apostar na  ampliação da tecnologia de gerenciamento do tráfego, das equipes de desobstrução  de ruas em casos de acidentes e em obras pontuais para melhorar a fluidez. Hoje,  de acordo com a CET-Rio, 86% dos 2.360 sinais já são monitorados pelo Centro de  Operações Rio (COR). A meta é chegar a 100% até dezembro. A modernização do  sistema custou cerca de R$ 13 milhões em três anos. A prefeitura tem ainda 151  operadores e 39 reboques em 12 pontos estratégicos, como túneis e avenidas.  Número que deverá subir com a operação dos corredores de ônibus.

A secretaria promete ainda reforçar a repressão às infrações de trânsito que  ajudam a comprometer a circulação. Associadas a campanhas educativas, as ações  de fiscalização terão como objetivo garantir fluidez. Hoje a secretaria fará a  primeira operação de fiscalização, com foco no transporte de carga que  desrespeita os horários de restrição de circulação no Centro e na Zona Sul.  Osório acompanhará, a partir das 5h30m, a ação de fiscais em 25 pontos de  bloqueio.

— Vou me empenhar pessoalmente nisso. Precisamos ter um diálogo franco com o  carioca. Fechar cruzamento, por exemplo, é algo inimaginável numa cidade  moderna. Isso se faz com educação e repressão — afirma.

Uma missão e tanto que se reflete nos números: nos primeiros dez meses de  2012, já foram registrados quase dois milhões de infrações no Rio, metade por  excesso de velocidade, de acordo com a CET-Rio. Outros 300 mil motoristas foram  flagrados parando em locais proibidos e 275 mil ignoraram sinais vermelhos.

— O desejo não é multar. Queremos que o motorista respeite a lei. Mas não  hesitaremos em multar quem insistir no desrespeito — diz.

A falta de educação no trânsito atravessou o caminho do secretário logo no  primeiro dia de trabalho, terça-feira passada. Precisando chegar à Barra, ele se  atrasou para um compromisso porque ficou preso num cruzamento das avenidas Luiz  Carlos Prestes e José Silva de Azevedo Neto, fechado pelo caminhão GKO 6919. O  veículo tem cinco multas, a maioria por transitar em local e horários proibidos.  Uma delas na Barra, em maio passado, e que ainda não foi paga. Na terça-feira,  ganhou a sexta multa.

— Minha primeira reação foi dizer: “pô, que absurdo!”. Demorou cinco segundos  para eu me tocar do novo cargo. Desci do carro e apliquei a minha primeira multa — disse Osório, que promete usar um smartphone semelhante ao da Guarda Municipal  para autuar os incautos.

Fonte: O Globo, 06/11/2012

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