Bombardier no mercado de carga

Fabricante está trazendo para o Brasil a locomotiva diesel-elétrica Traxx F80 Multi-Engine, que tem quatro motores e utiliza truques flexifloat com barra de tração, sem pião e sem atrito de giro.

Após trazer para o Brasil a tecnologia de monotrilhos para a Linha 15-Prata do Metrô de São Paulo, a canadense Bombardier se prepara para entrar no mercado de locomotivas para o transporte de carga.  A locomotiva diesel-elétrica Traxx F80 Multi-Engine é o modelo de locomotiva da empresa que está sendo apresentado no Brasil. Com quatro motores de tração, a locomotiva de bitola métrica utiliza truques flexifloat com barra de tração, sem pião e sem atrito de giro.  São utilizadas molas no lugar do pião, tecnologia semelhante ao sistema de suspensão de caminhões. A potência de tração da máquina é de até 4000 HP.

Segundo o engenheiro de produtos da Bombardier, João Amaral, foram investidos 2 milhões de euros, nos últimos dois anos, no desenvolvimento das adaptações necessárias para a locomotiva ser usada nas ferrovias brasileiras. A empresa está negociando o fornecimento no País, mas mantem sob sigilo os nomes das empresas interessadas.

A produção da locomotiva será nacional. A Bombardier deve adaptar a fábrica que possui em Hortolândia, onde estão sendo produzidos os monotrilhos da Linha 15-Prata do Metrô de São Paulo, e não descarta a possibilidade de uma nova planta industrial dependendo da demanda de fornecimento. “O Brasil precisa renovar sua frota antiga de locomotivas e o mercado brasileiro tem espaço para trazer mais uma tecnologia”, disse Amaral ao lembrar que a idade média das locomotivas brasileiras é de 37 anos.

O engenheiro destaca que o conceito desse modelo gera economia de combustível e reduz o custo de manutenção. Ele explicou o software desenvolvido para máquina aciona os motores de acordo com a necessidade. De acordo com o volume de carga que a máquina traciona ou características da via, o sistema aciona os motores para o ganho de produtividade da operação, assim como desliga os motores se não há necessidade de uso. O sistema é automático e faz o revezamento de ativação dos motores para que todos sejam utilizados.

Outro ponto destacado pelo engenheiro é a manutenção. Os motores são acoplados na locomotiva em módulos e a máquina não precisa ficar parada para a manutenção. De acordo com a necessidade de manutenção, esses motores são retirados para manutenção e substituídos por outros módulos para seguir operando.  Esse modelo de locomotiva já é usado nos Estados Unidos e na Europa.

O gerente sênior de vendas da Bombardier, Paulo Ponzetta, explica que o modelo possui níveis de emissões de poluentes menores por conta dos motores modernos, com menor consumo de combustível.  Ele lembra que as exigências de emissões no Brasil são menores que na Europa. Segundo a Bombardier, esse modelo de locomotiva possui consumo de combustível 15% menor que as máquinas mais modernas em circulação no País e 30% menor em relação as mais antigas.

O diretor de comunicação da Bombardier, Luis Ramos, destacou que a companhia procura trazer inovações para o Brasil como já fez com o monotrilho da Linha 15 e o sistema ERMTS para a SuperVia.

Fonte: Revista Ferroviária, 07/11/2013

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