A presidente Dilma Rousseff recolhe dados para a elaboração do PAC 3, a ser lançado em data ainda indefinida, mas a tempo de servir como um dos carros-chefes da campanha à reeleição. Dilma trata pessoalmente do que fazer no próximo ano e do programa do segundo mandato, independentemente das discussões no âmbito do PT do grupo que trata do projeto de reeleição da presidente da República, em 2014.
Desde o início do ano existe a expectativa do lançamento de um PAC 3, que chegou a ser previsto para setembro último, com o anúncio de investimentos de R$ 500 bilhões em obras de infraestrutura, em três décadas. Em abril, falava-se que a nova versão do programa incluiria as concessões de dois aeroportos e a licitação do trem-bala. A construção do trem-bala foi adiada, a concessão dos aeroportos do Galeão (RJ) e de Confins (MG) sairá até o fim deste mês e o PAC 3 é apenas mais uma ideia na cabeça da presidente Dilma. Ela está pedindo sugestões a alguns ministros.
O PAC 3 deve estabelecer um novo perfil em programas já existentes e prioridades para investimentos com os recursos atualmente disponíveis. Esse é o nó a ser desatado pela campanha de Dilma e de seus principais adversários, provavelmente o senador Aécio Neves (PSDB) e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB). Há consenso de que o caixa é curto e de que será preciso encontrar maneiras de se financiar o investimento necessário a que o país volte a crescer a taxas mais elevadas.
De um modo geral, os partidos, na campanha eleitoral, devem referir-se à “reforma tributária”, evitando falar em “aumento de impostos”, o que é visto, especialmente no PT, como algo inevitável num segundo governo Dilma. Com o aumento da arrecadação seria possível a manutenção dos investimentos na área social, marca do partido em quase 11 anos de governo, e ainda sobrar dinheiro para tocar as obras de infraestrutura.
Apesar do proclamado fim da polarização PT-PSDB, algo ainda por conferir, os partidos esperam menos denúncias e mais discussão de conteúdo na próxima eleição. Com a consolidação da estabilidade econômica e dos programas para a redução das desigualdades sociais, devem entrar na agenda as reformas estruturais (tributária, trabalhista, previdenciária e política) e da execução de políticas universais de educação, segurança pública e Saúde. É claro que as denúncias não vão desaparecer. O caso Siemens/Alstom, por exemplo, tem todos os ingredientes para fazer sucesso no horário eleitoral.
Fonte: Valor Econômico, 07/11/2013