Após a SuperVia anunciar que pode paralisar a operação de trens no Rio de Janeiro, em agosto, devido a uma queda brusca na arrecadação, o MetrôRio e a Fetranspor relataram situações similares. Segundo representantes dos dois sistemas de transportes, a rede metroviária e os ônibus terão dificuldades em manter o funcionamento dos serviços já em setembro, caso não haja algum auxílio orçamentário por parte do governo estadual e federal.
O MetrôRio estima que pelo menos 60 milhões de passageiros deixaram de circular no modal, desde 16 de março, devido às medidas de restrições na cidade. O prejuízo mensal gira em torno de R$ 35 milhões. “No total, nosso déficit acumulado é de R$ 150 milhões. Nos últimos dias, mesmo com a flexibilização, a queda de passageiros continua elevada, em 73%. Essa é a situação mais difícil da história da empresa”, destacou Guilherme Ramalho, presidente do MetrôRio.
“Esse é um serviço caro, dimensionado para transportar muita gente e com um custo fixo. Para operar um trem vazio, temos praticamente o mesmo gasto de um trem cheio. E diferente de outros estados, o metrô no Rio depende exclusivamente da tarifa”, disse Ramalho. “O caixa da empresa acaba em agosto. Temos dois meses para encontrar uma solução e estamos com todos os esforços direcionados para isso. Sem uma ajuda financeira nesse prazo, vamos ter dificuldades de honrar nossos compromissos e manter a operação. A consequência, depois disso, é a inviabilização do sistema”, alertou.
Fetranspor: prejuízo pode ir a R$ 1 bilhão
Nos ônibus, o número de viagens caiu 71% de março a junho, o que, de acordo com a Fetranspor, significa prejuízo de R$ 713 milhões, podendo chegar a mais de R$ 1 bilhão até o fim do ano. Nas últimas três semanas, contudo, houve recuperação: a queda de viagens está em 52%, agora.
“São 184 empresas de ônibus e pelo menos 50% delas não vão conseguir iniciar o ano que vem sem ajuda. Mas já em setembro muitas terão dificuldades para pagar salários. É uma data crítica”, explicou Armando Guerra Júnior, presidente da Fetranspor.
Armando acrescentou que, além de um aporte financeiro, o auxílio do governo estadual poderia ser viabilizado por medidas como isenção das taxas de licenciamento do Detran e das alíquotas de ICMS sobre o óleo diesel, postergação do pagamento de IPVAs dos veículos, entre outros. Todas essas solicitações já foram feitas pela empresa, mas não foram atendidas por Wilson Witzel. “A situação do estado está tão crítica que eles não são capazes de atender o mínimo. Nossa grande expectativa é de repasses por parte do governo federal para o sistema de transporte público nacional”, disse ele.
Dados da federação mostram, ainda, queda de 82% em viagens nas barcas. Em todos os modais, são menos 435 milhões de passageiros nas 16 semanas de isolamento. A Secretaria Estadual Transportes do Rio negocia com a União uma medida provisória para auxílio às empresas.
Fonte: O Dia, 08/07/2020