A SuperVia anunciou, nesta segunda-feira, que fará uma campanha ao longo deste mês em parceria com o Disque Denúncia contra roubos e furtos nas estações de trem. O objetivo é incentivar a população a entrar em contato quando testemunhar algum crime e o anonimato é garantido.
Segundo a concessionária, a campanha é focada na segurança pública, com peças publicitárias instaladas nas estações e trens, posts em redes sociais e carros de som circulando nas proximidades das estações mais afetadas por crimes como roubos, furtos e vandalismos, seja nas estações ou na via férrea. A SuperVia disse que a ajuda do Disque Denúncia ainda pode ser ampliado futuramente.
“Como é sabido, a população em geral pode fazer denúncias pelo número 2253-1177 do Disque Denúncia a respeito de vários tipos de crimes e violações, inclusive, quando testemunharem crimes no sistema ferroviário. O denunciante não precisa se identificar, o anonimato é garantido. O atendimento é realizado de segunda a sexta, das 7h às 22h; e aos sábados, das 8h às 17h. Em outros horários, a população pode contar com o aplicativo Disque Denúncia RJ, disponível para os sistemas Android e IOS”, informou a concessionária.
O objetivo é agilizar o trabalho das autoridades policiais com informações mais precisas e em tempo real sobre os crimes.
Somente nos seis primeiros meses deste ano, a operação da SuperVia foi afetada mais de 2.400 vezes por casos como estes ao longo dos 270 km da malha ferroviária.
Furtos de cabos de sinalização e energia e de grampos de fixação
De janeiro a junho deste ano, por exemplo, houve 364 ocorrências internas de furtos dos cabos de sinalização e energia, totalizando 14.173 metros. Nesses casos, o controle das composições passa a ser feito via rádio e não de forma automática. Por isso, os trens precisam aguardar ordem de circulação, o que provoca intervalos irregulares.
No mesmo período, também foram registradas 23 ocorrências internas de furtos de grampos de fixação, que somam 3.271 unidades retiradas da via. A peça é fundamental para a operação, pois serve para fixar os trilhos aos dormentes. A sua retirada pode deixar a linha férrea vulnerável e colocar a circulação dos trens em risco. Por medida de segurança e como consequência do furto, os trens passam a circular com velocidade reduzida na região até que novos grampos sejam instalados. Em casos mais graves, quando são furtadas peças em sequência, dormente por dormente, a circulação precisa ser interrompida para evitar descarrilamentos.
“Nossos técnicos e agentes realizam vistorias diárias ao longo da via e ainda contamos com os policiais militares do Grupamento de Policiamento Ferroviário (GPFer), mas ter um canal popular como o Disque Denúncia auxiliando nesta campanha contribui em muito para a fiscalização e a otimização do serviço porque todos poderão colaborar com a vigilância no sentido de estancar esse tipo de crime. Interrupções ou lentidão causam prejuízos aos clientes e à SuperVia. Operamos por uma malha de grande extensão, 270 quilômetros, por isso será muito importante contarmos com a ajuda de todos. Somar essas forças neste momento será estratégico para melhorarmos o serviço prestado à população”, afirmou o Diretor de Operação da SuperVia, Marcelo Feitoza.
Os furtos e vandalismos verificados podem se enquadrar no Artigo 260 do Código Penal, que dispõe sobre a conduta que causa o perigo de desastre ferroviário. Segundo o texto, destruir, danificar, impedir ou perturbar o serviço ferroviário também é crime, e prevê pena de reclusão, de dois a cinco anos, e multa para qualquer pessoa que cause transtornos ou risco à operação ao subtrair cabos e materiais do sistema ferroviário, ou danificá-los, por exemplo.
A Comissão de Transportes da Assembleia Legislativa (Alerj) vai começar ainda essa semana, juntamente com membros da comissão, a realizar diligências em todos os ramais e estações da Supervia para levantar as reais necessidades e o estado em que elas se encontram e amenizar os constantes problemas enfrentados pelos usuários de trens, que diariamente se deparam com atrasos em todos os ramais, principalmente o de Japeri.
Representantes da SuperVia, secretaria estadual de Transportes, Agetransp, secretaria de Segurança e do Sindicato dos Ferroviários, também serão convidados a participar das diligências.
De acordo com o presidente da comissão, deputado Dionísio Lins (Progressista), não é de hoje que há cobranças junto ao poder público para uma melhor prestação de serviço aos usuários.
“Sabemos que o roubo de cabos já virou uma rotina tanto na SuperVia como no metrô, mas não se pode ficar de braços cruzados diante do que vem ocorrendo. É preciso que haja um ajuste de conduta entre as partes para que essa situação seja no mínimo amenizada”, disse.
Dionísio informou ainda que a comissão já vem cobrando as medidas que a empresa irá aplicar para pelo menos minimizar a situação.
“Porquê eles não solicitam a Policia Militar que ela atue de forma mais presente ao longo da via que margeia as estações? A empresa poderia também fazer um levantamento das áreas com maior incidência de furtos, além de intensificar a segurança de sua malha ferroviária não só com rondas, como também com o uso de drones durante o dia e à noite para tentar identificar essa quadrilhas”, explicou.
Ele afirmou também que não é justo nem decente por parte de uma concessionária como a SuperVia, detentora de um serviço tão importante, simplesmente não ter um plano de emergência para atuar em conjunto com as empresas de ônibus para transportarem passageiros nessas situações é que contribua para reduzir as aglomerações nas estações, facilitando assim o deslocamento das pessoas.
Fonte: O Dia, 13/09/2021
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