Estação Barão de Mauá será restaurada

Após um abandono de quase duas décadas, partes da Estação Ferroviária Barão de Mauá, mais conhecida como Estação Leopoldina, passará por obras de restauração nos pisos, revestimentos, laje e instalações elétricas. A decisão veio de um acordo assinado entre o Ministério Público Federal (MPF), que tenta recuperar o terminal desde 2013, e a SuperVia.

Foto: Lucas Tavares

Para especialistas, o início dessas intervenções representa o renascimento de um importante patrimônio cultural e histórico brasileiro, inaugurado em 1926 e fechado para passageiros em 2001. Pelo acordo, a concessionária se compromete a reformar as quatro plataformas por onde passavam os trens e a gare, nome do pátio da área de embarque dos passageiros. Já o imóvel de quatro andares na Rua Francisco Bicalho, no Centro, é de responsabilidade conjunta da União e do Estado do Rio e continua esperando por reforma.

Em nota, a Advocacia-Geral da União (AGU) afirmou que uma empresa foi contratada para realização do projeto necessário às obras futuras e que “foram estabelecidos entendimentos e providências administrativas no sentido dar início à efetiva restauração do prédio, além da busca por entendimento com ente federativo local”.

Pelo acordo entre a SuperVia e o MPF, os pisos e revestimentos centenários das plataformas serão recuperados, assim como a rede de iluminação e o sistema de águas pluviais. Já na gare, além das revitalizações, as telhas e o forro interno da cobertura vão ser substituídos, e os dois banheiros públicos existentes passarão por reforma. Também será instalado um sistema de proteção contra descargas atmosféricas.

— A SuperVia espera que o projeto ajude a resgatar a memória daquele período de grande expectativa com o início do processo de industrialização. A concessionária reconhece o simbolismo da estação e, por isso, está se empenhando para revitalizar os espaços, mesmo em meio à forte crise econômica — diz o diretor de manutenção da concessionária, Roberto Fischer, que revela ainda a previsão de R$ 5 milhões para a execução das obras de restauro.

Centro cultural

Dentro da estação, será instalado, no prazo de até um ano após a conclusão da reforma, um centro cultural com investimento mínimo previsto de R$ 500 mil. As intervenções deverão seguir o projeto executivo que foi apresentado ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

O projeto executivo foi protocolado no Iphan em 12 de janeiro deste ano e é analisado, segundo o instituto, com prioridade. Conforme prevê o cronograma, as obras deverão ser concluídas em 12 meses a partir do seu começo. Ainda não há previsão de início das obras. Elas só poderão começar após aprovação do órgão. Mesmo abandonado, o local guarda inúmeros tesouros históricos:

— São placas de bronze, balcões trabalhados de madeira e mármores e granitos. Mas os mais importantes são um vagão e uma locomotiva da antiga Estrada de Ferro do Corcovado, de 1909, e um carro de passageiros do fim do século 19, do Império — enumera o professor e historiador Milton Teixeira. — Que essa restauração seja um renascimento e uma homenagem, no ano do bicentenário da Independência do Brasil, à princesa que foi esposa de D. Pedro I e avó de uma princesa que também se chamou Leopoldina.

Desde 2013, o MPF tenta a recuperação do espaço. Em 2021, o juiz Paulo André Espirito Santo, da 20ª Vara Federal do Rio, declarou, após vistorias, que o cenário da estação era “deplorável” e “digno de dar vergonha”, com janelas quebradas, pichações, fissuras e restos de telas.

Fonte: O Globo, 26/09/2022

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