A história não contada da Supervia

O passageiro que usa trens da Supervia pisa na estação do seu bairro, salta na Central do Brasil e reclama da qualidade do serviço. Ele tem razão. O que esse passageiro não sabe é que a operação é sabotada diariamente pela ação de criminosos. O furto de assentos tira de circulação 18 trens semestralmente e traz gastos na reposição. Só na estação do Maracanã, este ano, o vandalismo trouxe prejuízo de mais de R$ 1 milhão. Para consertar o muro, a Supervia gastou desde o início do ano o equivalente a 1.500 passagens por dia.

No mês passado, foi fechado um buraco feito no muro da estação Maracanã, quase em frente à UPP Mangueira. Antes que o cimento secasse, o local foi vandalizado novamente. Para não pagar, ao longo da malha ferroviária, usuários criaram cerca de 123 passagens clandestinas. A concessionária fecha por mês entre seis e dez buracos e/ou passagens de nível, mas 30% são reabertos ilegalmente – a ousadia é tanta que, em alguns casos, não esperam nem o cimento secar para reabrir. Ao longo de toda a linha férrea, nos últimos 17 meses, a empresa gastou mais de R$ 2,7 milhões com reparos. A Supervia teve cerca de 130 km de cabos furtados entre março de 2022 e fevereiro deste ano.

Atualmente foram registradas 193 ocorrências de furto de cabos, totalizando mais de 12 km de material levado por bandidos. Além do prejuízo financeiro de mais de R$ 12 milhões para a empresa, furtos como o que aconteceu recentemente durante a madrugada afetam a operação e causam transtornos, porque as composições têm que reduzir a velocidade para evitar acidentes.

O aumento do intervalo entre eles prejudica todo mundo e estressa o carioca. No último ano, a concessionária investiu mais de R$ 40 milhões em segurança. Só que a empresa não tem poder de polícia. O Governo do Estado não pode ficar de braços cruzados. São 104 estações em uma malha ferroviária de 270 km. Sistema depredado e falta investimento impactam na qualidade e entrega do serviço ao passageiro.

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