Transporte ferroviário: saiba mais sobre a malha

Transporte ferroviário: saiba mais sobre a malha ferroviária do Brasil

O transporte ferroviário no Brasil tem recebido grandes investimentos nos últimos anos. As grandes distâncias entre as cidades brasileiras e o alto volume de cargas demandam esse tipo de transporte.

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O transporte ferroviário tem como principais características a capacidade de transportar cargas de grandes volumes – como as commodities – e a elevada eficiência energética, o que o torna barato a médias e grandes distâncias. Além disso, é pouco poluente ou suscetível aos rigores climáticos.

Por causa disso, o modal ferroviário é muito adequado para o transporte de:

  • Produtos siderúrgicos;
  • Grãos;
  • Minério de ferro;
  • Cimento e cal;
  • Adubos e fertilizantes;
  • Derivados de petróleo, de calcário, de carvão mineral, entre outros.

O desenvolvimento do transporte ferroviário está atrelado ao advento da Primeira Revolução Industrial, quando surgiu na Inglaterra, em 1830, a primeira estrada de ferro. O seu rápido desenvolvimento acelerou a industrialização, reduziu o isolamento das áreas rurais e contribuiu para o crescimento de muitas áreas urbanas.

Apesar das várias vantagens oferecidas pelo modal ferroviário, a estrada de ferro tem o grande inconveniente do caráter fixo dos itinerários – ou seja, só se pode circular ao longo dos trilhos. Por isso, sua integração com outros meios de transporte é necessária, o que diminui sua flexibilidade.

Isso faz com que a ferrovia enfrente uma enorme concorrência em relação ao transporte rodoviário que, por ser mais flexível, tem tirado uma parte significativa do transporte de mercadorias e passageiros que antes era feito pelos trilhos.

Porém, os sucessivos melhoramentos nesse tipo de transporte, principalmente no que se refere ao aumento da velocidade e do conforto, possibilitaram o crescimento do transporte de passageiros. Simultaneamente, tornou-se também um forte concorrente do avião e do modal rodoviário, no transporte doméstico em caráter regional, nacional ou até continental.

transporte ferroviário no Brasil

O transporte ferroviário no Brasil

O sistema ferroviário brasileiro começou a ser implantado no país em 1854, quando o Barão de Mauá inaugurou a primeira ferrovia ligando a Baía de Guanabara a Petrópolis, no Rio de Janeiro.

Por muitas décadas, a vinculação do café às ferrovias era evidente, principalmente em São Paulo, onde surgiram várias ferrovias para servir à economia cafeeira. Seu maior período de desenvolvimento foi de 1850 a 1930, o qual correspondeu ao tempo áureo desse produto no país.

Depois dessa época, as prioridades da economia brasileira mudaram, houve um progressivo desenvolvimento da indústria automobilística e os investimentos na malha ferroviária praticamente cessaram, tornando a rede ferroviária obsoleta.

Segundo Lygia Terra, em sua obra “Conexões – Estudos de Geografia do Brasil”, a matriz de transportes de países de proporções continentais deveria privilegiar o modal ferroviário. A média ideal de distribuição dos modais no Brasil deveria ser de cerca de 35% em ferrovias, 25% em rodovias, 25% em hidrovias e 15 % em outros modais.

Conforme dados do Ministério dos Transportes, a matriz brasileira de transportes é uma das mais concentradas do mundo, no modal rodoviário, com 58%, contra 8% da Rússia, 50% da China, 53% da Austrália, 43% do Canadá e 32% dos Estados Unidos.

O transporte ferroviário é o segundo mais barato para médias e longas distâncias, atrás apenas do hidroviário. As ferrovias reduzem significativamente o custo do frete, o que em alguns setores pode ser decisivo, pois os produtos se tornam mais competitivos. No caso do minério de ferro, o custo do transporte chega a quase metade do preço final do produto.

Concessões ferroviárias

A privatização do sistema ferroviário brasileiro foi iniciada em meados da década de 1990. A Rede Ferroviária Federal (RFFSA) foi adquirida por grupos privados que já a utilizavam, como a Vale do Rio Doce.

Apesar da aplicação de investimentos (cerca de 9,5 bilhões entre 1997 e 2007), a expansão da rede é lenta, mas tende a aumentar com o crescimento econômico do país. Esses investimentos foram aplicados, principalmente, na manutenção e na recuperação dos trechos já construídos.

Apesar do aumento da diversidade de produtos transportados pelo modal ferroviário no Brasil, há ainda uma grande concentração no transporte de minério de ferro, direcionado, principalmente, para os portos de Vitória (ES) e de Itaqui (MA).

A distribuição dos investimentos também é desigual quando se considera as regiões brasileiras. O Sudeste, com a maior concentração econômica e ferroviária, também é a que recebe a maior parte dos investimentos.

Segundo dados da Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT), entre 1997 e 2010, o transporte de carga geral aumentou de 137,2 bilhões de toneladas transportadas por quilômetro útil (TKU) para 278,5 bilhões de TKU, um aumento de 112%. 

Já o transporte de minério de ferro e carvão mineral aumentou de 110,2 bilhões de TKU para 211,4 bilhões de TKU, um aumento de 91%.

Outra grande conquista do setor, após a privatização, foi a redução do índice de acidentes, que caiu para pouco mais de um terço no mesmo período, passando de 36 para 14 acidentes por milhão de quilômetro percorrido por trem, ficando próximo aos índices internacionais, que estão entre 8 e 13 acidentes por milhão de quilômetros percorrido por trem.

Além disso, a frota de locomotivas em circulação se modernizou e aumentou. Em 1997, o Brasil possuía cerca de 1.029 locomotivas, e, atualmente, possui aproximadamente 3.300, um aumento de 186%. No mesmo intervalo de tempo, a frota de vagões passou de 43.816 para 114.974, alta de 162%.

Cabe ressaltar que tudo isso ocorreu sem um aumento expressivo na malha ferroviária do país, que, nesse período, passou de cerca de 25.599 km de ferrovias na data do início das privatizações para mais de 30.000 km de ferrovias atualmente.

Referências

  • MAGNOLI, Demétrio – Geografia: paisagem e território: geografia geral e do Brasil – 3ª Ed. Reform. – São Paulo: Moderna, 2001.
  • SENE, Eustáquio de. Globalização e espaço geográfico. 1ª ed. São Paulo: Contexto, 2012.
  • TERRA, Lygia. ARAÚJO, Regina. GUIMARÃES, Raul Borges. Conexões: estudos de geografia geral e do Brasil: volume único.
  • Agência Nacional de Transportes Terrestres. Disponível em: https://www.gov.br/antt/pt-br/acesso-a-informacao . Acesso em: Junho de 2023.
  • Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes. Disponível em: https://www.gov.br/dnit/pt-br/acesso-a-informacao . Acesso em: Junho de 2023.
  • https://www.antf.org.br/informacoes-gerais/ . Acesso em: Junho de 2023.

Fotos: Estratégia Militares

Fonte: Estratégia Militares, 10/07/2023

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