Restauração da estação ferroviária deve começar

O município de Chiador, a cerca de 80 quilômetros de Juiz de Fora, guarda uma das maiores riquezas do período imperial em Minas Gerais: a primeira estação ferroviária do estado, inaugurada por Dom Pedro II. O cartão postal da cidade de menos de 3 mil habitantes, no entanto, sente em sua estrutura a passagem do tempo. Mesmo tendo sido tombada pelo município em 2003, a estação tornou-se alvo de ação do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) logo na década seguinte devido à má conservação. Para a população e para os órgãos públicos, fica claro que a construção precisa ser restaurada, ainda mais após a construção de uma hidrelétrica na cidade de Mar de Espanha, a estatal Furnas Centrais Elétricas S.A. Devido à criação desse espaço, foi determinado em 2012, pelo MPMG, que fosse feita uma compensação pela construção da hidrelétrica, com as obras da ferrovia, que devem começar em outubro deste ano, aumentando a ansiedade pela recuperação do espaço tão importante para a região.

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A estação ferroviária, que hoje se encontra em ruínas, foi inaugurada em 1869 e foi um dos grandes atrativos da cidade, resultando no reconhecimento de seu valor histórico, artístico e cultural pelo Iphan (Foto: Prefeitura de Chiador/Divulgação)

Aestação ferroviária foi inaugurada em 1869, e, durante muito tempo, foi um dos grandes atrativos do local, o que resultou no reconhecimento de seu valor histórico, artístico e cultural pelo Iphan. De acordo com ata do Conselho Municipal de Patrimônio Cultural de Chiador, divulgada em setembro de 2020, o projeto arquitetônico apresentado pela empresa Furnas ao Conselho Municipal de Patrimônio Cultural de Chiador (Compachi) conta com prédio e seus armazéns, dois torreões laterais e uma casa do agente dará lugar à sede da Secretaria de Educação, Esporte e Cultura de Chiador. O local também deve servir de espaço para feiras culturais.

Justamente tendo em vista esse panorama, o Secretário Municipal de Turismo e Meio Ambiente, Jaime Wojciuk, afirma que a obra tem a capacidade de movimentar a cultura e o turismo do local de maneira significativa. “Pretendemos colocar os artesãos da cidade nesse espaço. É um incremento muito grande para a cidade e ainda é de fundamental importância, inclusive para o comércio”, afirma. A espera para que a obra seja feita já data de anos, e ainda contou com um atraso devido à pandemia de Covid-19.

No momento, a previsão é de que a obra tenha início em 10 de outubro, e a empresa patrocinadora do serviço informou que devem ser gastos aproximadamente R$ 9,5 milhões com a restauração. Há ainda um prazo de 15 meses, após o início dos trabalhos, para a  execução completa da obra. “A Eletrobras Furnas assinou, em julho deste ano, um contrato com a empresa Minas Construções e Restaurações Ltda, para o desenvolvimento do Projeto Executivo e execução dos serviços de restauro integral do Conjunto Arquitetônico e Paisagístico da Estação Ferroviária de Chiador”, informou a empresa por meio de nota.

Moradores pedem por reformas

Além do valor histórico do local, que para o jornalista Ailton Magioli representa o “auge da representação política da Zona da Mata” no Império, o espaço também tem enorme valor afetivo para os moradores. A estação fica distante seis quilômetros do centro de Chiador, e o imóvel histórico, que antes pertencia à extinta Rede Ferroviária Federal (RFFSA) e atualmente é da União, consegue mesmo assim ser um bem cultural que faz muita falta para a cidade. “Eu saí de Chiador para estudar, ainda novo, mas não vou descansar enquanto não ver essa estação de pé. Depois, tem que dar um destino cultural e criar vida para o local”, diz. Ele destaca, ainda, que apesar da demora para resoluções, a população continuou mobilizada sobre esse assunto, inclusive criando o Conselho Municipal de Patrimônio Cultural de Chiador.

Já para José Luiz Rezende, que também nasceu na cidade, são notáveis os prejuízos que foram se acumulando ao longo dos anos e as expectativas da população por alguma mudança. “Foram mais de 20 anos com a estrada sendo totalmente saqueada. O que sobrou é o que está em pé. A luta principal é para que a nossa história não se acabasse. É uma história viva, que permanece na cidade”, afirma. Para ele, que hoje vive no Rio de Janeiro, fica claro que há diversos espaços como esse no Brasil que não foram restaurados, apesar de muitas tentativas dos moradores. “Vamos tentar mais uma vez e torcer para que saia”, afirma.

Fonte: https://tribunademinas.com.br, 17/09/2023

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