Vinte dias depois de anunciar que não queria mais operar os trens do RJ, o grupo que controla a Supervia e o Governo do Rio de Janeiro voltaram a negociar a renovação do acordo de concessão do serviço ferroviário até 2048.
Segundo a empresa, a desistência anunciada seria pela falta de condições de fazer grandes investimentos como tinha sido pedido pelo governo, além da suposta perda de receita com a pandemia; prejuízos com o furto de metais e cabos; e o congelamento da tarifa contratual.
Na época, o Governo do RJ confirmou que faria um novo modelo de concessão. O contrato atual da Supervia com o Estado termina em outubro desse ano, mas a Secretaria de Transporte do Estado já admite um novo acordo.
Renovação automática
Logo depois do anúncio da desistência por parte da empresa japonesa Gumi, que controla a Supervia, o governador Claudio Castro (PL) chegou a dizer, numa rede social, que foram feitos esforços para apoiar a concessionária na entrega de um serviço digno à população.
Castro disse ainda que o estado fez um aporte de cerca de R$ 400 milhões, em 2022, para compensar perdas com a queda do número de passageiros. Segundo Castro, apesar da Gumi fazer parte do conglomerado Mitsui, um dos maiores do mundo, o problema seria o modelo de concessão adotado.
Foto: Marcos Serra Lima/G1
Apesar do desentendimento público, na última semana, o secretário Washington Reis enviou uma carta para a empresa pedindo mais tempo para a comprovação dos investimentos feitos nos trens.
Pelo contrato atual, a Supervia tem até o dia 1 de julho para comprovar toda a quantia que foi investida no transporte. O estado é o responsável por dar o parecer. A comprovação do investimento levaria a uma renovação automática do contrato até 2048.
A condicionante para a prorrogação antecipada do contrato de concessão para o ano de 2048 seria a devida realização dos investimentos previstos.
A Secretaria de Transportes alega que o prazo para a comprovação desses investimentos está apertado. Em uma nova minuta, o secretário sugere que isso possa ocorrer até o mês de novembro.
Falta de rumo
A Supervia ainda não assinou o novo termo aditivo, mas nos bastidores já sinalizou que tem interesse no acordo.
Na mesa de negociação, o que está em jogo são justamente as quantias investidas pelas duas partes. A empresa entende que o investimento feito no passado já seria suficiente para garantir a prorrogação do contrato. Contudo, o governo afirma que não.
O aumento do prazo seria mais uma tentativa para que as duas partes chegarem a um acordo sobre os valores.
Entre os pontos divergentes, está a construção de um prédio feito pela Gumi. A empresa argumenta que o imóvel faz parte dos investimentos.
Reprodução: TV Globo
Fonte: g1.globo.com/rj, 18/05/2023