O recente caso do ex-ministro dos Transportes Alfredo Nascimento não é novo no cenário político nacional. O fato novo é a pronta ação da Presidente Dilma na eliminação do problema, via afastamento do dito ministro e seus colegas do staff do ministério dos transportes. Desde o imbróglio com o ex-ministro Antonio Palocci, aguardava uma situação semelhante para ver se a nossa presidente continuaria leniente no trato de situações que tivessem acusações de corrupção como fonte da crise.
A celeridade no trato do caso do ministério dos transportes, via afastamento dos acusados, penso ser a resposta desejada pela população do país e isso é bom mas não o suficiente.
Tratar este caso e outros semelhantes de forma reativa torna-se um problema na medida em que o fato gerador da acusação, se comprovado, já está consumado.
Bom seria tratar desta verdadeira praga nacional que é a corrupção, de forma pró-ativa e isso deve ser iniciado com a proibição de nomeação de políticos para cargos técnicos.
A gestão da logística empresarial é difícil e exige a contratação de pessoas altamente qualificadas, dependendo do nível de complexidade da empresa e das cadeias em que esteja inserida.
Por certo um profissional incompetente, seja por falta de conhecimento técnico ou comportamento inadequado, pode até enganar os gestores por um certo período, mas via de regra não persiste no cargo por muito tempo.
A depuração, via demissão do profissional incompetente, ocorre de forma mais efetiva pois o prejuízo gerado recai sobre um sujeito determinado, que pode ser a empresa ou a cadeia em que está inserida.
Quando se trata de gestão logística pelo poder público, é possível perceber uma série de erros.
O mais significativo desses erros é a nomeação de políticos para os cargos de alto escalão que possuem necessidade de conhecimento técnico. O caso do ministério dos transportes é um clássico.
Todos os ex-ministros dos transportes, sem exceções, eram incompetentes tecnicamente para ocupar este cargo e o resultado é percebido por todos nós através da porcaria em que se encontra a infraestrutura de transporte do país.
Se não temos mais slots de atracação nos portos (janela de tempo para atracar nas docas), esteja certo que isso é resultado da gestão de um ministro incompetente de outros tempos, que não se deu ao trabalho de prever gargalos, apesar de técnicos do próprio governo, profissionais e pesquisadores das universidades (dentre os quais me incluo), terem advertido os sucessivos governos um sem número de vezes para este gargalo.
Por certo outros gargalos existem e são de amplo conhecimento dos profissionais envolvidos com a logística do país, portanto nem cabe aqui numerá-los ou listá-los.
O que cabe é acabar com esta prática ridícula do poder público em fingir que político é onisciente e sabe tudo sobre tudo (embora alguns talvez pensem que são deuses), e nomeá-los para cargos técnicos.
De que adianta mobilizar toda uma categoria de profissionais, técnicos e pesquisadores acadêmicos para elaborar um Plano Nacional de Logística de Transportes (PNLT), se este plano e desprezado por um político incompetente sem conhecimento técnico.
Por Mauro Roberto Schlüter
Fonte: Intelog – Porto Alegre/RS,10/07/2011