Ferrovias querem ajuda como a da linha branca

Depois de perder o bonde das medidas de incentivo anunciadas na semana passada pelo governo, as concessionárias que operam a maior parte das ferrovias do País vão nas próximas semanas bater na porta da equipe econômica pedindo benefícios para o setor.
“Perdemos essa oportunidade, mas queríamos que também houvesse a linha branca ou o carro mil das ferrovias”, disse ontem o presidente da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF), Rodrigo Vilaça.
Segundo ele, a ANTF pedirá ao governo desonerações para a cadeia de produção de equipamentos ferroviários e na folha de pagamento do setor. “Também vamos pedir aos ministros Guido Mantega (Fazenda) e Fernando Pimentel (Desenvolvimento) formas de financiamento com taxas menores e com prazos mais longos de 20 a 25 anos.”
Segundo Vilaça, se o setor obter esses benefícios, os planos de expansão e investimentos até 2020 poderão aumentar consideravelmente.
Planos. Atualmente, a malha conta com 3 mil locomotivas e pouco mais de 100 mil vagões. Os planos das concessionárias que integram a ANTF são de adquirir mais 2 mil locomotivas e mais 40 mil vagões até 2020, mas caso consigam os incentivos, as compras podem chegar a 6 mil locomotivas e 200 mil vagões.
“Temos duas fábricas no País com capacidade para construir 150 locomotivas e 12 mil vagões por ano”, completou o executivo. De acordo com ele, os equipamentos a serem adquiridos devem ser usados nas novas linhas que estão sendo construídas ou estão em fase de planejamento. A malha ferroviária brasileira tem 26 mil quilômetros, com previsão de chegar a 42 mil até 2022.
O total de cargas transportadas em 2011 chegou a 475 milhões de toneladas, de acordo com balanço divulgado ontem pela ANTF. Na comparação com 2010, o crescimento foi de 5 milhões de toneladas.
As cargas mais transportadas no ano passado foram o minério de ferro e o carvão mineral, que respondem por 76,61% do total. Já o agronegócio foi responsável por 11,51% da movimentação no setor, seguido por produtos siderúrgicos (3,77%) e derivados de petróleo e álcool (2,79%).
As concessionárias devem investir cerca de R$ 5,3 bilhões em 2012, superando os cerca de R$ 4,5 bilhões de investimentos privados durante o ano passado. Segundo a ANTF, a movimentação de carga deve chegar a 522 milhões de toneladas em 2012.
A movimentação de cargas por meio das ferrovias cresceu 87,6% entre 1997 e 2011 – durante os 15 anos das concessões do setor, segundo o balanço da ANTF. O transporte de contêineres aumentou 82 vezes no período, com crescimento de 149% nos empregos do setor. Além disso, nos últimos 15 anos, o consumo de combustível nas ferrovias diminuiu em média 22%. Com isso, a produção na malha ferroviária cresceu 111,7% desde 1997, desempenho que a ANTF destaca ter sido duas vezes maior que o ritmo da economia no período.
Fonte: O Estado de S. Paulo, 10/04/2012

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