Com investimento de R$ 5,8 milhões, locomotiva não é barulhenta e não emite gases-estufa na atmosfera
Uma nova proposta para melhorar a mobilidade no Rio vai começar a flutuar a partir de 2014. Daqui a dois meses, iniciam as obras para o primeiro trem de levitação magnética do Brasil, com a construção da estrutura metálica por onde a composição, com capacidade para 30 pessoas, passará. O dinheiro virá de um convênio de R$ 5,8 milhões da UFRJ com o BNDES, com o apoio da Faperj, que foi celebrado nesta sexta-feira no Parque dos Atletas.
Cortando os 200 metros entre dois prédios do Centro Tecnológico da Coppe/UFRJ, na Ilha do Fundão, o protótipo do Maglev-Cobra, como é chamado o veículo, é o primeiro passo para que a tecnologia ganhe escala comercial. O trem levita graças ao campo magnético criado por imãs de terras raras e supercondutores, estes mantidos a uma temperatura de 196 graus negativos com nitrogênio líquido.
Quando estiver em funcionamento, não haverá barulho nem emissão de gases-estufa na atmosfera. O trem pode acelerar e desacelerar mais rapidamente, fazer curvas mais acentuadas do que um metrô (por isso o nome cobra), e, principalmente, não tem rodas nem trilhos: a composição paira no ar.
— Não é bruxaria, é ciência — explicou Richard Stephan, do Laboratório de Aplicações de Supercondutores da Coppe, um dos responsáveis pelo projeto — A ideia é que esses primeiros 200 metros sejam ampliados, fazendo a ligação entre os aeroportos Santos Dumont e Tom Jobim, passando pela UFRJ.
Os pesquisadores da Coppe dizem, ainda, que o trem de levitação magnética seria muito útil no transporte de passageiros na cidade, podendo ser usado no lugar do VLT previsto para o Centro ou até mesmo atuar em corredores como os dos BRTs (mas sem compartilhar a via). Sua capacidade é de 5 passageiros por metro quadrado, e a velocidade máxima de 70 Km/h. No fundão, ela será limitada a 20 Km/h, porque correrá numa linha de apenas 200 metros, suspensa pela passarela metálica tubular.
Diferentemente do que pode parecer, manter um trem que levita gasta menos energia do que fazer funcionar o metrô, explicam os especialistas. O Maglev-Cobra, que começou a ser desenvolvido em 1998, também é mais eficiente do que ônibus e aviões. Além da eletricidade, usada para alimentar o motor que movimenta a composição, é necessário usar nitrogênio líquido para refrigerar os supercondutores, que não é caro. Um litro custa R$ 0,70.
Andar no trem que flutua já é possível. Um protótipo funcional foi concluído ontem, está no laboratório do Fundão. São 12 metros e capacidade para oito passageiros, para que os pesquisadores possam fazer testes.
Fonte: O Globo, 15/06/2012