Cinco mil estações ferroviárias do Brasil serão documentadas

Projeto Estações Brasileiras reunirá banco de dados com informações, vídeos e fotos. As estações ferroviárias tiveram um papel extremamente importante na história do Brasil. Pelos trilhos dos trens, cidades se formaram e o progresso chegou a diferentes regiões. Foi com isso em mente que o publicitário de Ribeirão Preto, Marcelo Tomaz, colocou em prática o ambicioso projeto Estações Brasileiras, que pretende visitar, in loco, todas as estações ferroviárias existentes ou que já existiram no país. A partir de uma visita despretensiosa a uma estação próxima de sua casa, ele teve a ideia do projeto. “A necessidade de escapar da rotina, fazer algo relevante, dinâmico e que contribuísse para a documentação histórica de maneira inédita e autoral foram outros elementos que me impulsionaram a realizar o trabalho” conta Tomaz. Em suas contas, já são mais de 5 mil estações catalogadas, e serão necessárias duas décadas para conhecer todas.

O ponto de partida foi a criação de um site e de um canal no Youtube que servirão para compor um banco de dados sobre a atual situação das estações ferroviárias do país, com fotos, vídeos e por meio de depoimentos dos próprios moradores da região.

Sendo assim, cada local ganhará uma página no site oficial, com informações, relatos da expedição, mapa e um pôster, unindo tipografia e imagem. Vale lembrar que cada postagem fica aberta para colaboração de quem desejar enviar qualquer tipo de material sobre a estação. “Já atolamos no barro, na areia, no meio de eucaliptos, no canavial, no cafezal, subimos encostas, descemos ladeiras, atravessamos grutas, descobrimos cachoeiras, passamos por picos de voo livre, tudo isso pelos trajetos entre as estações. Sempre tem algo inusitado que gera curiosidade e que resulta em conhecimento”, relata Tomaz, que, nas viagens, já foi atacado por gansos, cobras e vespas, entre outras histórias.

Marcelo Tomaz já visitou quase 200 estações, 4% do total, em sete meses, documentando os lugares de forma simples e ágil, com a ajuda de dispositivos móveis. Até o momento, o projeto é sustentado com recursos próprios, sem apoio ou patrocínio.

O publicitário passará por estações ativas, inativas, favelizadas, invadidas e em ruínas, independentemente do estado em que se encontram. “Como a matriz de transporte nacional é a rodoviária, restou às ferrovias, a margem da questão, quase nada. Tudo é antigo, tudo é ultrapassado, nada tem sido feito a respeito e, pelo que tenho visto, nada será feito no futuro. O Estações Brasileiras pretende ser uma opção para apresentar o universo das ferrovias aos que não as conheceram e reavivar a memória daqueles que as utilizaram”, conclui Tomaz.

Sobre as estações ferroviária do Brasil Apesar de ter sido importante para o desenvolvimento do país, o transporte ferroviário há muito perdeu espaço. Se antes as estações eram responsáveis por levar o progresso a povos distintos e demonstravam grandeza arquitetônica, hoje, grande parte delas encontra-se esquecida e em ruínas. Das cerca de 5 mil estações ferroviárias do país, apenas algumas resistem, como as poucas usadas para transporte de carga e as que se transformaram em estações de trens metropolitanos ou pontos turísticos. Em 1977, o francês Patrick Henri Ferdinand Dollinger fundou a ABPF (Associação Brasileira de Preservação Ferroviária). Em 2000, outro órgão se juntou nessa tentativa de preservar este patrimônio histórico, a ABOTTC (Associação Brasileira das Operadoras de Trens Turísticos e Culturais), apoiando associações como o MPF (Movimento de Preservação Ferroviária) na realização de ações que visem à valorização da história e da cultura das ferrovias.

Sobre Marcelo Tomaz Publicitário, cartunista, ilustrador, designer, redator, film maker amador e diretor de criação da Commgroup Branding. Desde o ano passado, resolveu agregar mais uma função, a de historiador, e partiu em busca de um sonho audacioso: visitar, in loco, todas as estações ferroviárias do Brasil.
Autodidata, Marcelo Tomaz atua há 20 anos na área de propaganda, estratégia, branding e design. É colunista fixo das revistas Publish, Recall e Design Gráfico e do jornal Tribuna Ribeirão, além de colaborador da Computer Arts, BDexpert, Contém Glúten e RibeirãoPreto. Com participações no festival de design de Cannes (Cannes Lions) e de Londres (LIA), já foi premiado no Profissionais do Ano (Rede Globo) e no MMonline. Em 2009, na categoria design, também foi premiado com as duas melhores marcas do Brasil no WOLDA (The Woldwide Logo Design Annual). Tomaz conquistou, ainda, dois prêmios Max Feffer de Design. Há sete anos mantém um blog de opinião (www.bla-marcelotomaz.com.br), com foco em branding e design, no qual busca falar de forma fácil sobre temas nem sempre tão fáceis.

Fonte: Maxpress – São Paulo/SP – TRANSPORTES – 21/06/2012

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