É pau, é pedra, mas não é o fim do caminho. No itinerário da tão sonhada Linha 3 do Metrô, o abandono de mais de seis anos da linha férrea ocasionou o surgimento de muitas casas que seriam fruto de invasão do leito por posseiros, o aparecimento de verdadeiros lixões e a retirada de trilhos do percurso original. O trajeto que antes era utilizado para transporte de passageiros através do trem está desativado desde 2006 e fazia ligação de Itaboraí a Niterói.
Este caminho passará por revitalização a partir de janeiro de 2013 e receberá obras que possibilitarão maior mobilidade da população que diariamente se desloca entre os municípios de Niterói e São Gonçalo, numa viagem a ser feita por metrô. O trecho que será construído terá 13 quilômetros de extensão, ligando Niterói ao Jardim Catarina, em São Gonçalo e transportará 350 mil passageiros por dia.
Hoje, o deslocamento entre as cidades de Niterói e São Gonçalo é realizado por ônibus intermunicipais. O tempo médio das viagens varia conforme as condições do trânsito, podendo chegar a uma hora. Com o metrô, a expectativa é que o percurso seja realizado em até 30 minutos, metade do tempo atual.
O Fluminense percorreu os 13 quilômetros do trecho que deverá ser inaugurado no segundo semestre de 2014 e observou a realidade deste trajeto. Ao todo serão seis grandes estações (Arariboia, Barreto, Vila Lage, Zé Garoto, Alcântara e Jardim Catarina), outros pontos de embarque estão neste itinerário, são eles: Jansen de Mello, Neves, Paraíso, Parada 40, Mauá, Antonina e Trindade.
Logo no Barreto cerca de 10 moradias ocupam o leito por onde passava o antigo trem e precisarão ser desapropriadas, depois dali, o itinerário segue até o Jardim Catarina, onde no espaço dos trilhos estão verdadeiros depósitos de lixo e entulhos.
“Costumo me deslocar de ônibus entre as duas cidades, a implantação do metrô será um benefício muito grande para a população”, disse o aposentado José Aprigio Ramos, 60 anos.
“O sonho saiu do papel”, frase usada pelo governador Sérgio Cabral para salientar a importância da obra, orçada em R$ 1,7 bilhão, traduz os anseios da população.
“O metrô ajudará muito e trará melhorias. Sabemos que um trecho será em viadutos. Acredito que a urbanização desta rota será um progresso”, acredita o aposentado Alexandre Marciano, de 69.
Muitas moradias que foram construídas de maneira irregular terão que ser desapropriadas. O cadastramento já teria sido realizado.
“Sei que terei de sair”, disse o biscateiro Decenir de Almeida, de 64.
No primeiro trecho que será construído, o projeto prevê a criação do maior terminal intermodal, onde a expectativa é atender 600 mil passageiros, por dia. Além disso, haverá restauração de uma antiga estação de trem desativada no Barreto, e ao lado dela implantado um pátio para realização de serviços de manutenção dos trens. O projeto também prevê a construção de 10 estações.
As obras têm previsão para iniciar em janeiro de 2013 e este itinerário está programado para ser concluído no segundo semestre de 2014. Cabral disse que o Governo do Estado conseguiu garantias do Governo Federal de liberação de R$ 500 milhões do Orçamento Geral da União, para a obra, além de um empréstimo de R$ 974 milhões para realizar o projeto, sendo R$ 774 milhões do BNDES e R$ 200 milhões de financiamento do Banco do Brasil.
“Eu calculo que se tudo correr bem, a linha será inaugurada no final de 2014. Isso é o que estamos estabelecendo até o momento. Não será inaugurada toda a linha, mas parte dela”, disse o governador ao participar recentemente de um evento em São Gonçalo.
Projeto – A Linha 3 começa na estação Arariboia, num projeto do arquiteto Oscar Niemeyer, desenvolve-se ao longo de um trecho de 22 quilômetros, sendo 17,7 quilômetros em viadutos e 4,3 quilômetros em superfície, ligados por 14 estações, possuindo ainda um estacionamento e garagem para pequenos atendimentos e reparos no Barreto, Zona Norte, e um Centro de Manutenção, em Guaxindiba, São Gonçalo.
Segundo a Secretaria estadual de Obras, o metrô atenderá a necessidade de transporte de passageiros gerada pelos municípios atingidos, além de garantir o deslocamento intermunicipal da população dos municípios abrangidos, de cerca de 1,7 milhão de pessoas.
Calcula-se que 70% dos usuários da Linha 3 terão como destino a cidade do Rio de Janeiro, utilizando a Estação Arariboia, a maior do sistema, como estação terminal e de integração. Essa estação ficará ao lado de onde hoje encontra-se o terminal das Barcas e será construído um terminal intermodal, integrando os sistemas de metrô, barcas e ônibus municipais e intermunicipais, atendendo aproximadamente 600 mil passageiros/dia.
Fonte: O Fluminense, 08/07/2012