Ainda em fase de consolidação das operações, a Rumo Logística, empresa de infraestrutura ferroviária e portuária do grupo Cosan, já planeja atingir a marca de R$ 1 bilhão de receita bruta no ano fiscal que vai até 31 de março de 2013. Especializada na movimentação de açúcar para exportação, a empresa projeta embarcar 7 milhões de toneladas da commodity durante o ano. Sobre o volume transportado e embarcado em 2011/2012, vai significar uma expansão de 40%.
O faturamento do ano, sobre o do exercício encerrado no fim de março passado, também aponta crescimento da ordem de 40%. O resultado operacional, medido pelo Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), no período crescerá no mesmo nível, passando de R$ 220 milhões para R$ 300 milhões (36% superior), informa Júlio Fontana, presidente da Rumo.
Criada em 2008 pela Cosan, a Rumo tem dois outros acionistas desde setembro de 2010: os fundos Gávea Investimentos e TPG Capital, cada um com 12,5% de participação. A empresa opera sobre uma plataforma ferroviária de 380 km, cuja concessão e operação é da América Latina Logística (ALL). O trajeto vai de suas bases de captação de cargas no interior de São Paulo (Itirapina/Campinas) até instalações de armazenagem e embarque no porto de Santos.
O desempenho operacional do ano poderia ser melhor, afirma Fontana, não fossem alguns transtornos, como atraso na safra de açúcar, excesso de chuvas no ano que afetaram embarques em Santos e gargalos em alguns trechos no trajeto da ferrovia.
O plano de negócios da Rumo prevê um investimento total de R$ 1,3 bilhão, valor que, corrigido, poderá ter um acréscimo de R$ 200 milhões. A previsão é estar com todo o projeto montado no fim de 2013 ou início de 2014, apto a transportar e embarcar 11 milhões de toneladas de açúcar por ano na safra 2014/2015.
Até o momento, segundo o executivo, os sócios já investiram mais de R$ 700 milhões na Rumo – apenas de locomotivas (50 máquinas modernas, zero km) e vagões, tudo já encomendado e praticamente entregue -, o montante chega a R$ 450 milhões. A Rumo acaba de fazer pedido extra de 200 vagões para completar sua frota, que somará 930 unidades.
A outra parte pesada do investimento refere-se à duplicação e modernização da ferrovia, que está a cargo da ALL, porém com todo o desembolso feito pela Rumo Nessa etapa são R$ 535 milhões, com parte já sendo executada.
Os demais investimentos, explica Fontana, compõem-se de terminais, armazéns e instalações de embarques em Itirapina e Santos. “Montamos um terminal moderno e amplo, com pera de 15 km em Itirapina, que custou R$ 76 milhões”, informou o executivo, que antes presidiu a concessionária de ferrovia MRS Logística por quase dez anos. Esse terminal será modular e terá mais fases.
Na área do porto, em Santos, a empresa está fazendo várias obras: desde a reconstrução de um armazém, que vai quadruplicar a capacidade, para 100 mil toneladas até mecanização e integração de outras unidades de armazenagem da empresa.
Para ganhar agilidade nos embarques, a Rumo vai inaugurar novo carregador (shiploader), que fará 2 mil toneladas por hora, e está instalando uma cobertura do terminal para poder carregar os navios mesmo em época de chuvas, informa Fontana. Além disso, montará em parceria com a Coopersúcar um sistema de descarregamento de açucar que fará 450 vagões por dia. Sem considerar material rodante (locomotivas e vagões) e a duplicação da plataforma ferroviária, os demais investimentos poderão somar cerca de R$ 300 milhões em Itirapina e Santos. Do total dos investimentos, a duplicação da ferrovia faz parte das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal e conta com financiamento do BNDES. Os fundos Gávea e TPG aportaram R$ 200 milhões na empresa durante a aquisição dos 25%.
A Cosan, controladora da Rumo, segundo Fontana, não tem no momento planos de vir a fazer uma oferta pública de ações.
Fonte: Valor Econômico, 02/08/2012