Setor ferroviário terá desoneração da folha de pagamento, diz Abifer

BRASÍLIA – O governo se comprometeu a incluir a indústria ferroviária nacional na desoneração de folha de pagamento, benefício que já se estende aos fabricantes de transporte rodoviário. As ferrovias empregam atualmente 20 mil pessoas de forma direta e mais 60 mil de forma indireta. O faturamento do setor atingiu R$ 4,2 bilhões em 2011.

“A presidente já sinalizou que entraremos nos setores beneficiados pela folha. É uma medida que pode ter impacto profundo na ampliação da produção nacional de trens”, disse o presidente da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer), Vicente Abate, que esteve em Brasília nesta quarta-feira para o anúncio do pacote de concessões de rodovias e ferrovias.

Entre os fabricantes de ônibus os incentivos já repercutem na produção nacional. No ano passado a indústria brasileira produziu 40,7 mil unidades de diversos modelos de ônibus. Para este ano a produção já encomendada chega a 42 mil veículos. “Isso é um crescimento de 5% em um ano em que o país sofre todos os reflexos da recessão econômica global”, comenta Carlos Alberto Casiraghi, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Ônibus (Fabus).

Além da desoneração da folha de pagamento, Casiraghi cita os incentivos à exportação que foram concedidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Em 2011 o Brasil exportou 4.287 veículos. Neste ano o número deve saltar para 5.115 veículos, alta de 20%.

Trilhos nacionais?

O presidente da Abifer, Vicente Abate, disse ao Valor que o Brasil já tem condições de possuir uma fábrica nacional de trilhos ferroviários. Hoje não há produção doméstica do material, que é todo importado, majoritariamente da China. O Brasil chegou a ter fábricas da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) ativas até a década de 1970, mas as instalações foram fechadas por conta do sucateamento do setor no país, a partir dos anos 1980.

“O governo anuncia 8 mil km de novas ferrovias; além disso, temos uma malha nacional que supera 30 mil km. Acreditamos que o país tem plenas condições de atrair interesse da iniciativa privada para que tenhamos trilhos nacionais”, disse Abate.

A Gerdau está entre as empresas que há algum tempo estudam a possibilidade de montar uma fábrica de trilhos no país. O investimento é pesado e o setor tem dúvidas sobre se a demanda nacional justifica o aporte de recursos. Hoje o Brasil exporta minério de ferro para a China e compra trilhos.

Fonte: Valor Online, 15/08/2012

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