Nos Jogos Olímpicos Rio 2016, ela completará 90 anos. Mais conhecida como Leopoldina, a Estação Barão de Mauá, na Avenida Francisco Bicalho, ainda não sabe ao certo seu destino até o megaevento. A SuperVia – que, como revelou a coluna de Ancelmo Gois, já encomendou um projeto de reforma e restauro a um escritório de arquitetura – utilizará o prédio e a gare da estação para atividades até 2013. Já a Secretaria estadual de Transportes informou que ali será instalada a estação do Trem de Alta Velocidade (TAV), o trem-bala. Ocorre que o TAV, de acordo com o prognóstico do governo federal, só ficará pronto entre 2018 e 2020. Para os arquitetos Aníbal Sabrosa e Guilherme Sousa, do escritório Raf, contratado pela SuperVia para o restauro, o projeto Porto Maravilha, da revitalização da Zona portuária deve impulsionar a obra da estação.
– Na Francisco Bicalho, serão construídos edifícios de gabarito muito alto, inclusive as “Trump Towers”, e a área será revitalizada – disse Aníbal, referindo-se ao investimento do americano Donald Trump.
O projeto arquitetônico prevê o fim do ponto de ônibus em frente à entrada da estação. Uma larga calçada servirá aos de pedestres, e uma alameda de palmeiras também está prevista. Haverá ainda sistema de detecção de incêndio.
Ferroviários torcem para que, além da estação propriamente dita, ali se instale um museu ferroviário. Desativada desde 2000. A estação tem porte para isso. Fundada em 1926, ela foi desenhada pelo arquiteto escocês Robert Prentice, que projetou também o Palácio das Cidades, sede da prefeitura, em Botafogo.o engenheiro Hélio Suêvo, autor do livro “A formação das estradas de ferro no Rio de Janeiro”, diz que a estação é um exemplar da arquitetura edwardiana no Brasil, inspirada em construções palacianas inglesas.
De estilo eclético, o prédio, no entanto, é assimétrico, já que não foram seguidos à risca os traços do escocês. Sua parte central só tem continuidade para o lado direito. Ficou faltando o lado esquerdo, previsto no projeto original. A estação está repleta de pichações. Plataformas abandonadas dividem a paisagem com trens enferrujados. Um deles é o Trem de Prata, que fez a ligação Rio-São Paulo até 1998. A situação do imóvel é também confusa: metade do terreno da União está cedido ao estado.
Fonte: O Globo, 20/08/2012