Evento põe vigas em prédio tombado

Estrutura que prenderá obra inspirada em tênis não teve aval do patrimônio histórico

Uma intervenção relâmpago na estação de trens da Leopoldina -construção histórica, tombada, situada no centro do Rio- foi realizada sem a avaliação do órgão estadual de patrimônio.

Em 72 horas, cinco vigas de aço foram instaladas no interior da estação para atender a um evento cultural promovido pela Nike, programado para ocorrer entre 10 de setembro e 14 de outubro.

Desativada há oito anos, o espaço da estação Barão de Mauá, inaugurada em 1926, é administrado pela Supervia, concessionária de trens urbanos do Rio, que alugou o espaço para o evento por um período de dois meses.

Na última sexta (24), os operários concluíram a acoplagem dos perfis de aço. As vigas estão sustentadas nas paredes da antiga estação.

Uma das funções da estrutura metálica é prender a instalação do artista plástico Ernesto Neto, que teve como inspiração para sua obra um novo tênis da empresa. O mesmo trabalho já ficou exposto em Londres, durante os Jogos Olímpicos.

Em nota, o Inepac (Instituto Estadual do Patrimônio Cultural) informou que solicitou à Supervia e aos produtores “a apresentação dos laudos e projetos” associados ao evento e que só se pronunciará após a obtenção esses documentos. Já a Supervia diz que a estrutura metálica “não prejudica o bem tombado”.

O diretor de comunicação da Nike na América Latina, Mário Andrada e Silva, frisou que os detalhes do projeto foram aprovados pelos órgãos competentes. “Ainda estamos montando o evento. Se for necessário mudar alguma coisa em função do patrimônio histórico, mudaremos.”

Hoje, especialistas do CREA-RJ (Conselho Regional de Engenharia) devem ir até o local para avaliação.

Foto da parte externa da Estação Barão de Mauá (Ricardo Quinteiro)

Fonte: Folha de São Paulo, 27/08/2012,  por Fabio Brisolla

Nota da Aenfer:

Para o presidente do Movimento de Preservação Ferroviária, professor Victor José Ferreira trata-se de mais uma agressão ao complexo da Estação Barão de Mauá, tombada pelo INEPAC – Instituto Estadual do Patrimônio Cultural do Rio de Janeiro e com processo de tombamento iniciado pelo IPHAN – Inst. Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

“A cessão do complexo pelo Governo do Estado à Supervia, a ocupação do pátio por atividades estranhas ao universo ferroviário e a locação da gare para eventos que agridem o imóvel e constrangem a comunidade ferroviária, estão sendo objeto de Ação Civil Pública em trâmite na 23a. Vara da Justiça Federal no Rio de Janeiro e de Inquérito Civil Público instaurado na 7a. Promotoria de Justiça da Cidadania da Capital, do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro.

A matéria publicada na Folha de São Paulo está sendo encaminhada às duas instâncias judiciais referidas, para anexação aos respectivos processos, bem como ao INEPAC, ao IPHAN, à SPU – Superintendência do Patrimônio da União e à Procuradoria Geral da República”. 

 

 

 

 

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