O trem fabricado na China entra hoje em circulação no metrô do Rio. Ontem, a viagem inaugural mostrou que ajustes ainda precisam ser feitos: as composições não estavam niveladas com as plataformas. Uma diferença de 5 a 6 centímetros era vista em todas as 13 estações percorridas e dificultava o acesso de cadeirantes, podendo ainda provocar acidentes diversos.
“De que adianta aumentar o conforto, se vai causar mais risco de acidente?”, questionou o analista de sistemas Luis Carlos Gomes. Ele relatou que um dos passageiros, um deficiente visual, encontrou dificuldade para entrar na composição, por causa do desnível entre o vagão e a plataforma. “Isso é absurdo, é uma falha”, reclamou Gomes durante a primeira viagem aberta à população, depois de um breve itinerário com convidados.
No primeiro percurso, que teve a presença do governador Sérgio Cabral, de funcionários do MetrôRio e da imprensa, o desnível entre o trem e a plataforma da Estação Maracanã criou um degrau de mais de 10 centímetros. O presidente do MetrôRio, Flávio Almada, alegou que aquela não era uma viagem comercial e destacou que o nivelamento será feito por um controle automático. “Existe um ajuste eletrônico do trem, que regula a altura. Então, isso não vai acontecer no dia a dia, vai ser o mesmo nível. Hoje não foi uma operação comercial, foi uma operação especial para nós, então não houve preocupação.”
Durante o primeiro mês, o novo trem circulará em “operação assistida”, entre 10h e 15h e entre 21h e meia-noite, horários de menor movimento, para garantir total adaptação à operação com passageiros. No mês passado, o trem virou polêmica quando sindicato e especialistas denunciaram que a concessionária estaria realizando ajustes em estações e túneis para evitar possíveis colisões laterais das composições que, mais leves que as atuais, poderiam chacoalhar mais. Na época, o MetrôRio rebateu as acusações, alegando que os ajustes foram feitos para adequações a padrões internacionais.
Investimento. O MetrôRio investiu R$ 320 milhões na aquisição dos 19 novos trens. Até o fim do ano, dez deles estarão em circulação. Os demais serão integrados ao sistema até março. Com isso, a frota será ampliada em 63%, aumentando a capacidade de passageiros dos atuais 700 mil para 1,2 milhão por dia.
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/08/2012