Edição do Brasil entrevista presidente da Aenfer

O presidente da Aenfer engenheiro Luiz Lourenço de Oliveira concedeu entrevista ao jornal mineiro Edição do Brasil. Em entrevista ao jornalista José Alves Neto, ele falou sobre os rumos do setor ferroviário e da falta de mão de obra.

Veja a seguir:

Falta de mão de obra qualificada compromete o setor ferroviário

O Governo Federal anunciou, recentemente, um grande investimento para o setor ferroviário nacional, a fim de fomentar o segmento e quebrar a inércia em que ele se encontra.

 

Porém, para o presidente da Associação de Engenheiros Ferroviários (Aenfer), o engenheiro Luiz Lourenço de Oliveira, essa atitude da União não corrigirá os problemas existentes atualmente. Segundo ele, o valor não representa sequer o mínimo necessário para alavancar um crescimento significativo. Além do problema de infraestrutura, Luiz Lourenço revela que não há mão de obra qualificada. “O segmento acadêmico não oferece cursos específicos de engenharia ferroviária e as escolas técnicas não contam com profissionais habilitados para capacitar em nível médio”, aponta. Vale citar que o setor empregava cerca de 16 mil profissionais em 1997 e fechará 2012 empregando cerca de 44 mil pessoas.

 

Esse novo investimento anunciado pelo Governo Federal pode quebrar a chamada inércia no setor?

Há um hiato espaço-temporal no desenvolvimento da malha ferroviária brasileira que não pode ser corrigido apenas com esse novo investimento anunciado pelo Governo Federal (aplicação de R$ 91 bilhões nos próximos 25 anos). A inércia certamente será quebrada, mas isso não representa sequer o mínimo necessário para promover crescimento no curto prazo.

 

Há muitas estradas de ferro deterioradas pela não utilização. Elas ainda podem ser recuperadas?

Há recuperação para as ferrovias deterioradas em várias regiões do Brasil, porém é necessário, antes, inseri-las em um projeto sistemático e integrado que avaliaria as respectivas viabilidades. (Atualmente, segundo dados da Agência Nacional de Transportes Terrestres, o Brasil tem28.276 quilômetrosde malha ferroviária).

 

Em sua opinião, o país tem mão de obra qualificada para o setor?

O setor encontra-se carente de mão de obra qualificada. O segmento acadêmico não oferece cursos específicos de engenharia ferroviária. As escolas técnicas não contam com profissionais habilitados para capacitar em nível médio. (Segundo a Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários, até 2014, surgirão pelo menos 7.100 vagas para o setor).

 

Investir na malha ferroviária pode ser uma boa alternativa para promover fluidez do transporte rodoviário?

Sem dúvida. O investimento na malha ferroviária certamente seria a principal via de ataque ao problema da fluidez do modo rodoviário.

 

Que motivo levou o transporte ferroviário nacional a permanecer tantos anos situado nessa inércia?

O transporte ferroviário nacional, até a década de 1950, teve seu desenvolvimento e manutenção inseridos em um contexto compatível com o cenário econômico brasileiro. A partir daí, com a necessidade de se integrar rapidamente o território nacional, optou-se pela rodovia, que, no entendimento das administrações da época, seria de rápida implantação, ainda que em detrimento da manutenção.

Natéria reproduzida do link:  http://www.jornaledicaodobrasil.com.br/site/falta-de-mao-de-obra-qualificada-compromete-o-setor-ferroviario/

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