A Supervia, consórcio liderado pela Odebrecht Transport e que explora o sistema ferroviário no Estado do Rio, pretende movimentar R$ 1,6 bilhão na venda e cessão de direito de uso de terrenos, além de parcerias para construção de empreendimentos imobiliários ao longo de ferrovias na região metropolitana do Rio.
“O montante de R$ 1,6 bilhão é o que estimamos inicialmente. Mas espero que movimente até mais. O mercado é que vai dizer se (o negócio) vale mais”, disse o presidente da Supervia, Carlos José Cunha. Segundo a concessionária, metade do valor virá da modernização e ampliação da Central do Brasil.
Estão previstas a ampliação da estação para aumentar a capacidade de circulação de passageiros, a construção de um centro comercial de dois andares sobre os trilhos e a conversão em hotel de um prédio ao lado. “O projeto da Central será feito de qualquer forma, com ou sem parceria. É a nossa prioridade”, disse Cunha.
Também há planos de construir shoppings integrados às estações de Caxias e Nilópolis, além de ampliar as instalações comerciais sobre a estação de Madureira. Foram feitos projetos para terrenos em Belford Roxo e Bonsucesso, entre outros. “Os tipos de contratos (que serão feitos) ainda estão em aberto. As empresas podem comprar direito de uso ou propor sociedade para implementar um empreendimento em algum terreno”, contou o executivo.
A Supervia diz que há potencial ainda não desenvolvido para empreendimentos em Campo Grande, Pavuna, São João de Meriti, Méier, Bangu e Santa Cruz. O consórcio afirma que os terrenos estão legalizados e com aproveitamento aéreo liberado. Porém, Cunha disse que as áreas disponíveis pertencem à Supervia em regime de concessão, com direito de exploração por 36 anos. Depois, passam ao Estado.
“Qualquer empreendimento deverá ter como premissa os 36 anos de concessão. Mas pela nossa experiência e pelo que se tem visto no mercado internacional, este prazo é absolutamente suficiente para que se faça a amortização do investimento”, disse o secretário de Transportes do Estado do Rio, Julio Lopes.
Os números foram apresentados ontem a representantes do setor de construção, como José Conde Caldas, da Concal Construtora e presidente da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi-Rio). A intenção era convencer o empresariado de que a modernização da rede ferroviária empreendida pela concessionária apresenta boas oportunidades de negócios no subúrbio e na baixada fluminense. “Algumas regiões eram ótimas para empreendimentos imobiliários, mas não aconteciam porque para morar em Bangu a pessoa levava horas para ir trabalhar”, disse Caldas.
A Supervia prevê investimentos de R$ 2,4 bilhões nos próximos quatro anos para modernização e aquisição de trens, além da recuperação da malha ferroviária e estações. Os recursos vêm de financiamentos do Banco Mundial (R$ 1,2 bilhão) e do BNDES (R$ 900 milhões), além de investimentos da própria companhia (R$ 300 milhões). A meta é aumentar o número diário de passageiros transportados, dos 600 mil atuais para 1,5 milhão até 2016. Para tanto, a concessionária espera diminuir o intervalo entre os trens.
O Estado comprou 30 novos trens chineses, dos quais 26 já estão em operação, e assina a aquisição de outros 60 trens amanhã. A Supervia comprará ainda outros 30 trens, que já estão em negociação, aguardando aprovação dos acionistas. A Odebrecht Transport têm 60% da Supervia, e os 40% restantes pertencem a fundos de investimentos. O contrato de concessão com o Estado vale até 2048.
Fonte: O Estado de S.Paulo, 23/10/2012