A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) se dispõe a investir até R$ 300 milhões para entrar com uma fatia residual no capital societário da concessionária responsável pelas operações do futuro trem de alta velocidade (TAV) entre o Rio de Janeiro, São Paulo e Campinas. Essa participação acionária será de não mais do que 5%, segundo o presidente da ECT, Wagner Pinheiro.
O executivo disse que a estatal não entrará no leilão do TAV, que tem a entrega de propostas marcada para agosto e a definição do resultado prevista para setembro, com nenhum dos consórcios a serem formados. A entrada dos Correios no negócio se dará em caráter de sociedade estratégica, ou seja, diretamente no capital da sociedade de propósito específico (SPE) montada pelo grupo vencedor. Para isso, no entanto, precisará haver acordo entre as partes. A ECT impõe uma condição: a garantia de espaço para o transporte de mercadorias e encomendas expressas, em um ou dois vagões dos trens, principalmente durante a madrugada.
Temos a disposição de entrar com participação acionária, disse Pinheiro, em conversa com jornalistas, por ocasião do aniversário de 350 anos dos Correios. Esse é um mercado (Rio-São Paulo-Campinas) que concentra quase 50% da nossa movimentação diária de objetos. E esse modal nos interessa muito.
Pinheiro explicou que a entrada dos Correios no TAV não será uma imposição e precisa interessar também ao consórcio vencedor do leilão, mas fez questão de apontar uma vantagem para a futura concessionária. Ela terá a garantia de uma demanda no curto prazo, afirmou. Mesmo tendo participação acionária, a estatal pagaria normalmente pelo transporte das encomendas.
A ECT já havia estudado sua entrada no capital do trem-bala na primeira tentativa do governo de licitar o projeto, em 2011. Pinheiro disse que, naquela oportunidade, o investimento previsto pela estatal era de R$ 200 milhões a R$ 300 milhões. Isso tende a ser mantido agora, mas ainda pode sofrer alterações, ponderou o executivo.
Além das discussões sobre o TAV, a estatal tem uma série de projetos que deve avançar em 2013, segundo Pinheiro. Um deles é a venda de seguros nas agências dos Correios, de olho na nova classe média. Inicialmente, pensamos em seguro de vida, com foco nas classes C e D. É uma parte do mercado em que a gente atua bem. Estamos olhando o retorno do investimento, porque queremos ser rentáveis e não gerar nenhum ônus para o Tesouro, mas também queremos contribuir para a ampliação do mercado.
Outros planos envolvem a criação de uma operadora virtual de telefonia celular – em que a ECT compra minutos no atacado das grandes companhias do setor e vende esses minutos no varejo – e estudos para a privatização da empresa postal de Portugal. O governo português deverá anunciar em abril o cronograma para a venda de sua empresa de Correios, de acordo com Pinheiro.
No segundo semestre, a ECT pretende contratar mais 6,6 mil funcionários, principalmente para as operações de transbordo e triagem de carta e de mercadorias. A chamada será para quem foi aprovado nos últimos concursos e ainda integra o cadastro de reserva dos Correios. Também está planejada a realização de um novo concurso nos Estados onde não há mais reserva. A estatal tem cerca de 120 mil funcionários.
Fonte: Valor Econômico, 25/01/2013