A persistência da inflação brasileira, dúvidas sobre o TAV e questões de licenciamento ambientais em grandes obras no Brasil foram as dúvidas mais levantadas por investidores após a apresentação do pacote de concessões feita ontem pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, em Nova York.
O seminário sobre infraestrutura foi a primeira parada de uma viagem promocional, que inclui Londres e Tóquio, para tentar atrair investidores às obras de infraestrutura orçadas em R$ 470 bilhões.
Investidores ouvidos pela Folha gostaram do que ouviram, mas disseram duvidar da viabilidade do trem-bala. Consideram que a taxa de retorno, em torno de 12%, “ainda é pouco”. Como a Folha antecipou ontem, as propostas foram redesenhadas para tentar atrair os investidores mais reticentes. Documento divulgado pela Fazenda em sua página na internet mostra que as concessões de rodovia poderão oferecer lucros entre 9% e 15% ao ano, após alterações no prazo e nas condições de financiamento. Em sua fala, Mantega disse que a taxa de retorno ficará acima de 10%.
No mesmo seminário, foi anunciado que, a pedido da presidente Dilma Rousseff, o leilão para a exploração de gás de xisto e outras fontes não convencionais foi adiantado de dezembro para outubro, segundo o secretário de Petróleo e Gás do Ministério de Minas e Energia, Marco Antonio Martins Almeida.
“Como o risco ambiental é maior, vamos exigir maior capacidade do concessionário”, afirmou Almeida.
Os presidentes do BNDES, Luciano Coutinho, da Empresa de Planejamento e Logística (EPL), Bernardo Figueiredo, e da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Mauricio Tolmasquim, também deram palestras.
Mantega disse que há sinais de que a inflação deve cair e de que o crescimento será mais forte neste ano. E falou duas vezes que o “Brasil não quebra contratos”.
“Houve ruídos de que teríamos rompido contratos após a queda dos preços na energia elétrica, mas quero deixar claro que foi uma negociação a partir da renovação das concessões.”
Luciano Coutinho afirmou que o governo busca “novos concorrentes”. “Queremos que o mercado bancário e de capitais tenha um papel de liderança nesta nova onda de concessões.”
Fonte: Folha de S. Paulo, 27/02/2013