O presidente da Associação Brasileira de Telecomunicações (Telebrasil) e da Vivo, Antonio Carlos Valente, defendeu nesta quarta-feira (22) que o governo inclua o compartilhamento de redes de infraestrutura nos editais para licitação das rodovias e ferrovias previstas para os próximos meses.
De acordo com Valente, essa medida facilitaria a expansão da rede de fibra óptica das empresas de telecomunicação para regiões onde essa estrutura ainda não existe. A presença da rede é essencial para prestação de serviços de telefonia e banda larga com melhor qualidade.
Valente informou que se reuniu com o presidente da Empresa de Planejamento e Logística (EPL), Bernardo Figueiredo, para tratar da facilitação de acesso das empresas de telecom a estrutura como dutos, que terão que ser construídos pelas empresas que vencerem a licitação de rodovias e ferrovias. De acordo com ele, porém, não há uma decisão tomada sobre o assunto.
“O crescimento do tráfego de dados vai exigir cada vez mais estrutura, mais rede, para atender à demanda dos usuários. Usar as ferrovias e rodovias para levar fibras ópticas até as cidades é uma maneira de otimizar os investimentos”, disse Valente durante evento do setor de telecomunicações, em Brasília.
Até o final do ano, o governo federal pretende licitar 7,5 mil quilômetros de rodovias federais e leiloar 10 mil quilômetros de ferrovias, dentro do pacote de logística lançado em agosto do ano passado. O investimento previsto é de R$ 133 bilhões.
O presidente da Telebrasil e da Vivo também informou que incluir o compartilhamento nos editais facilita os investimentos das empresas de telecomunicação porque garante a instalação da infraestrutura necessária enquanto são executadas as obras nas rodovias e ferrovias. De acordo com ele, é mais complicado implantar essa rede depois que a obra foi concluída.
Pressão do governo
O governo federal vem pressionando as empresas de telecom a elevar os investimentos para garantir o acesso de mais pessoas a serviços como telefonia celular e banda larga, além de melhorar a qualidade deles.
Durante debate nesta quarta-feira em evento realizado pela Telebrasil em Brasília, o secretário de Telecomunicações do Ministério das Comunicações, Maximiliano Martinhão, apontou que o aumento das reclamações de clientes contra empresas do setor está relacionado com queda no volume de investimentos nos anos anteriores.
“Pode ter havido um determinado momento de ingresso de investimento menor que levou a uma situação junto aos usuários”, disse Martinhão. De acordo com ele, porém, as empresas do setor já estão investindo mais e “isso vai trazer resultados”.
No ano passado, o governo adotou duras medidas contras as empresas de telefonia, motivadas por aumento das reclamações de clientes, entre elas a suspensão temporária da venda de chips de Claro, Oi e TIM em estados onde eram campeãs de queixas.
O presidente da Telebrasil e da Vivo, Antonio Carlos Valente, defendeu o setor. Ele admitiu que algumas melhorias são necessárias, mas apontou que é preciso levar em consideração o grande número de usuários dos serviços móveis, a complexidade das tecnologias empregadas e o desconhecimento de parte dos clientes sobre como utilizá-las.
“Se a gente fizer uma análise fria, acho que nós [operadoras] não somos tão ruins quanto as pessoas pensam que nós somos”, disse Valente, apontando que o setor registra hoje cerca de 400 reclamações mensais por milhão de clientes, número que considerou baixo.
“O mundo inteiro está tendo dificuldade para administrar o crescimento da rede de dados. Temos desafios muito complexos para serem equacionados e temos que trabalhar juntos”, completou ele. Valente também reclamou do atraso na aprovação de uma lei federal que discipline a instalação de antenas de celular no país. As operadoras reclamam de barreiras impostas por algumas cidades brasileiras para a implantação dessas estações, o que impede a expansão de serviços. “Algumas coisas não podemos resolver sozinhos”, disse o presidente da Telebrasil.
O presidente da Claro, Carlos Zenteno, negou que nos últimos anos tenha havido “acomodação” nos investimentos das operadoras. Ele disse que as empresas atendem à maioria dos indicadores de qualidade impostos pela Anatel, mas apontou que mudanças no setor, como a popularização dos smartphones, exigem das empresas – e do governo – novas medidas para acompanhar a demanda dos clientes.
“Vai ser preciso esforço de todas as companhias para acompanhar essa tendência. As pessoas têm mais acesso à tecnologia e o grande desafio de todos que estão aqui não é só fazer investimentos e cumprir as metas de qualidade. O regulador também tem que adaptar os regulamentos para acompanhar as novas tendências”, disse.
Fonte: G1, 23/05/2013
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