Maquinista do trem que descarrilou falava ao telefone

MADRI – Os primeiros dados da caixa preta do trem que descarrilhou em Santiago  de Compostela apontam que o maquinista Francisco José Garzón estava ao telefone  com um operador da Renfe – empresa que administra o sistema ferroviário na  Espanha – no momento do acidente. Segundo relatório da polícia, o condutor não  saiu da cabine, mas se distraiu entre três e sete quilômetros antes da colisão.
O áudio mostra que Garzón atendeu a uma chamada minutos antes do choque. Ele  recebia instruções de que caminho deveria percorrer ao chegar a Ferrol – o  destino final do trem que saiu de Madri. Durante o diálogo, é possível ouvir um  ruído, indicando que o maquinista poderia estar consultando um plano ou um  documento similar a um papel, de acordo com o Tribunal Superior de Justiça da  Galícia.

Os dados armazenados na caixa preta também revelam que a composição seguia a  192 quilômetros no momento do descarrilamento, e que segundos antes do acidente  o freio foi ativado, de modo que na saída do trilho os vagões se moviam a uma  velocidade de 153 quilômetros.

No domingo, no dia de seu primeiro depoimento à Justiça, Garzón confirmara  ter se confundido no trecho onde deveria reduzir a velocidade do trem. Na curva  do acidente, a velocidade limite era de 80 quilômetros.

Apesar de ter demonstrado distração, o maquinista, segundo relatório da  polícia, pressionou o tempo todo o pedal conhecido como homem morto – um  dispositivo de segurança que freia o trem automaticamente caso o condutor saia  da cabine por um período.

Após prestar depoimento, Garzón, de 52 anos, recebeu liberdade provisória  enquanto aguarda o julgamento. Ele foi acusado de 79 homicídios e vários crimes  de lesão corporal, todos cometidos por imprudência profissional.

O acidente, na última quarta-feira, foi o pior desastre com trem na Espanha  desde 1944, com um saldo de 79 mortos.

Fonte: O Globo, 30/07/2013

 

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