O governo federal ofereceu risco zero para os bancos privados financiarem os consórcios que participarem dos leilões para a concessão de ferrovias, previsto para o último trimestre deste ano.
O objetivo é garantir dinheiro abundante e com a menor taxa possível para os consórcios participarem das licitações, empacadas em razão da desconfiança em relação ao papel da Valec (estatal criada para garantir a demanda das ferrovias).
A previsão inicial era que o investimento em ferrovias chegasse a R$ 91 bilhões.
Em troca da adesão dos bancos, o governo se propõe a assumir o risco de calote dos projetos por meio do BNDES, que forneceria um seguro contra perdas dentro de um fundo de aval. Outra alternativa é o banco estatal comprar a parcela de maior risco dos títulos emitidos por esses projetos. Em caso de inadimplência, o BNDES assume as perdas antes dos demais investidores. As conversas são conduzidas pessoalmente pelo ministro Guido Mantega (Fazenda), que já se reuniu com os presidentes do Bradesco, Luiz Trabuco, do Santander, Jesús Zabalba, e do Banco do Brasil, Aldemir Bendini. Ontem, foi a vez de o ministro falar com os presidentes da Caixa, Jorge Hereda, e do Votorantim, João Roberto Teixeira.
O único presidente com quem o ministro ainda não se reuniu foi o do Itaú, Roberto Setubal, por dificuldade na agenda. A conversa com Setubal deve acontecer hoje.
A Folha apurou que o BNDES, no entanto, não admite assumir riscos das licitações neste momento.
Mais lucratividade
Para permitir que o retorno do investimento nesses projetos fique bastante acima da Selic, que deve subir a 9%, o governo ainda oferece isenção completa de IR (Imposto de Renda) para os investidores que aplicarem em papéis de infraestrutura com prazo de mais de quatro anos.
Além de evitar um fiasco no leilão das ferrovias, o ministro da Fazenda aposta na retomada da confiança do empresariado na economia com a viabilização desses investimentos. Apesar dos incentivos oferecidos, porém, os bancos estão céticos em relação ao sucesso dos leilões, porque, avaliam, o principal problema não é o custo de financiamento, mas a falta de interesse de potenciais operadoras.
Companhias que dependem das ferrovias para escoar a produção, como CSN, Cargill e Vale, estão resistindo em participar dos leilões.
Fonte: Folha de S. Paulo, 27/08/2013
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