Com investimentos de R$ 3,3 bilhões até 2020, compartilhados com o governo do Rio, a SuperVia, controlada pela Odebrecht TransPort, que opera o serviço de trens urbanos da região metropolitana fluminense, enfrenta problemas técnicos frequentes com consequência nos cofres da empresa. Só este ano, incidentes relacionados sobretudo a panes mecânicas e problemas na rede aérea levaram a Agência Reguladora de Serviços Públicos de Transportes do Rio de Janeiro (Agetransp) a multar a SuperVia em R$ 281,5 mil e abrir 66 boletins de ocorrência.
Ontem pela manhã, uma falha mecânica levou à quebra de uma composição na estação Engenho de Dentro, zona norte. A terceira paralisação em duas semanas gerou revolta entre os passageiros, que ocuparam os trilhos. Estações foram fechadas e uma composição pegou fogo.
Desde o começo da concessão, em 1998, as multas somam R$ 5,1 milhões. A concessionária já pagou R$ 1,9 milhão em multas, mas mantém R$ 2,6 milhões na dívida ativa do Estado.
Para o governo do Rio, porém, as falhas no serviço não trazem risco à concessão. “A SuperVia vem atendendo aos investimentos programados”, diz o secretário de Transportes, Júlio Lopes. “Há um perfil de melhora permanente e vemos com clareza que não é bom para o Estado interromper este contrato no momento.”
Em 2011, a Odebrecht entrou no consórcio comprando 60% de participação dos fundos estrangeiros antes controladores. Então, a concessão foi prorrogada por 25 anos, até 2048. “Tínhamos investidores desconhecidos com base nas Ilhas Cayman, uma incógnita para a administração pública”, disse Lopes ao Valor. “Mas eles tinham um contrato e nossa opção foi atrair um investidor com grande capacidade de investimento que fosse capaz de dar as respostas que a população precisa”.
As obrigações de investimento na renovação da malha ferroviária somam R$ 2,4 bilhões divididos igualmente entre governo e empresa. Mas a SuperVia aumentou seu aporte para R$ 2,1 bilhões, dos quais 66% serão aplicados até 2016 na compra de trens e renovação do sistema de sinalização. Segundo Lopes, o governo já investiu US$ 472 milhões na compra de 90 composições.
RF – Leia abaixo a nota enviada pela SuperVia à imprensa sobre o problema na circulação de trens nesta terça-feira (03/09):
“Às 9h45, as estações dos ramais Santa Cruz e Deodoro foram reabertas e a circulação está sendo retomada gradativamente. O Corpo de Bombeiros e os técnicos da SuperVia permanecem na estação Quintino para controlar a situação e retirar o trem do local para liberar as linhas. A empresa esclarece que vinculou avisos aos passageiros que estavam dentro de todos os trens e de todas as estações a cada minuto informando sobre a situação.
A SuperVia esclarece que não existe nenhum material inflamável nos trens e, por isso, suspeita de que o fogo foi criminoso. A concessionária repudia com veemência atos como esses, que causam danos ao patrimônio público e põe em risco a viagem de milhares de pessoas. A concessionária lamenta os transtornos causados aos passageiros pelas atitudes irregulares realizadas por algumas pessoas e informa que todos os casos estão sendo rigorosamente apurados, com apoio da Polícia e do Governo do Estado do Rio de Janeiro.”
Fonte: Valor Econômico, 04/09/2013
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