Especialista critica ‘fatiamento’ da Linha 3 do Rio

A decisão do governo estadual de dividir em duas etapas as obras de implantação da Linha 3 do metrô, que ligará Niterói a São Gonçalo, é motivo de crítica de quem entende do assunto: o engenheiro de Transportes da Coppe/UFRJ Fernando Mac Dowell explica que o “fatiamento” das intervenções — a primeira fase, que ligará o Barreto a Alcântara, deve ser concluída em 2015; e a segunda, da Praça Araribóia ao Barreto e de Alcântara a Guaxindiba, ficará pronta em 2016 — pode provocar o caos no sistema de transportes da cidade.

Na avaliação do engenheiro, as linhas de ônibus não teriam condições de transportar da Praça Araribóia até o Barreto 15 mil passageiros por hora, que corresponde à capacidade do monotrilho que será construído no trecho, segundo a Secretaria estadual de Obras. De acordo com os cálculos de Mac Dowell, os ônibus poderão transportar, no máximo, seis mil passageiros por hora, o que deverá formar imensas filas de ônibus. Ele adianta que, devido a esse problema, muitos passageiros poderão optar por ir de carro até o Barreto.

— O problema é a quantidade de gente que os ônibus precisarão levar por hora. Esses veículos não terão a menor condição de atender à demanda. É algo que precisa ser revisto logo. É melhor fazer tudo de uma vez, para evitar transtornos — diz Mac Dowell.

Ele explica ainda que a mudança do projeto, de metrô para monotrilho, implicará numa redução da capacidade de transporte. Em abril, o governador Sérgio Cabral anunciou a alteração do plano, cujo custo estava orçado em R$ 5 bilhões. Agora, caiu para R$ 2,5 bilhões.

— Para se ter uma ideia do que essa mudança significa, o monotrilho pode transportar, no máximo, 26 mil passageiros por hora, contra cerca de 60 mil por hora da Linha 1 do metrô do Rio — alerta Mac Dowell.

O governo estadual estima que o monotrilho transportará 15 mil passageiros por hora, ou 285 mil por dia, em cada sentido, considerando que cada trem circulará com seis vagões. Um estudo de demanda feito pelo Executivo prevê ainda que o modal receberá ao longo dos próximos anos um incremento de passageiros, alcançando 450 mil pessoas transportadas por dia em cada sentido da linha.

A Secretaria estadual de Obras afirma que estudará, com as prefeituras de Niterói e São Gonçalo, uma implantação de linhas de ônibus temporárias para fazer a ligação entre os terminais da Praça Araribóia e Guaxindiba.

As obras da Linha 3 são aguardadas desde 2008, mas ainda não saíram do papel devido a suspeitas de superfaturamento levantadas pelo Tribunal de Contas da União. A Secretaria estadual de Obras esclarece que rescindiu o contrato questionado pelo órgão e informa que elaborou um novo processo.

Fonte: O Globo, 16/09/2013

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