Os projetos para criar trens turísticos em Sertãozinho, Pontal e São Carlos querem colocar a linha férrea na rota dos museus rurais da região de Ribeirão Preto (313 km de São Paulo).
A trilha histórica percorrerá centros de memória do café, da cana-de-açúcar, da mecanização do campo e da cultura caipira.
A linha de trem projetada para ligar Sertãozinho a Pontal terá uma parada na estação Francisco Schmidt, um dos barões do café da região, cujas terras hoje pertencem à família de Maurilio Biagi, fazendeiro conhecido pela cultura da cana-de-açúcar.
Numa área contígua à fazenda Vassoural, de propriedade da família Biagi, em Pontal, será inaugurado, em 14 de dezembro, o Museu do Açúcar e do Álcool.
O museu, que abriga o maquinário do primeiro engenho de açúcar mecanizado do Estado, será parada obrigatória da viagem.
Em Sertãozinho e Pontal, pontos de partida e chegada da ferrovia, outros dois museus estão em gestação.
A Prefeitura de Sertãozinho quer criar no Centro Municipal de Memória uma exposição permanente sobre o desenvolvimento tecnológico do setor sucroenergético, que envolve a produção de cana para a fabricação tanto de açúcar quanto de etanol.
Em Pontal, a antiga estação, o armazém e a vila operária da ferrovia serão usados para abrigar um memorial da cultura caipira, com barracas de culinária típica e artesanato na praça e uma exposição sobre a vida rural e a herança cultural dos imigrantes no galpão do armazém.
O Centro Cultural Paulista, como foi batizado o projeto, ainda depende da liberação pelo governo federal de verbas de emendas parlamentares, segundo a diretora de Cultura e Turismo de Pontal, Adriana Cardoso Silva.
“Também há a proposta de falar da ferrovia, porque aqui há o encontro da Companhia Paulista com a Companhia Mogiana, duas tipologias arquitetônicas ferroviárias raras de se ver juntas”, disse.
Em Pontal, enquanto a estação foi construída pela Companhia Paulista de Estradas de Ferro, a atual Casa de Cultura, antiga casa do chefe da estação, foi feita pela Mogiana. Ambas tiveram papel destacado na história das ferrovias paulistas.
Já em São Carlos, os trilhos do projeto da ferrovia turística levam à antiga estação do Pinhal, que pertenceu ao barão do café Antonio Carlos de Arruda Botelho, o Conde do Pinhal, no início do século 19.
Hoje, a cerca de 3 km da estação, funciona a Casa do Pinhal, centro cultural de memória da produção cafeeira.
A antiga estação está deteriorada, e a linha férrea existente é utilizada pela ALL (América Latina Logística) para o transporte de cargas.
Por isso, a ideia é construir uma réplica da estação, em local próximo à original.
Segundo o consultor da ABPF (Associação Brasileira de Preservação Ferroviária) Geraldo Godoy, que trabalha no projeto, a ideia é disponibilizar ônibus para completar o trajeto até a Casa do Pinhal.
Atualmente fechada para restauro, a Casa do Pinhal pretende reabrir ao público em 2014. Os projetos de Sertãozinho e Pontal devem ser inaugurados no ano seguinte.
Fonte: Folha de S. Paulo, 11/11/2013