A estimativa é que aproximadamente 40 mil vagões e 1,4 mil locomotivas que pertenciam à Rede Ferroviária Federal (RFFSA) e que hoje estão em uso pelas concessionárias que assumiram as linhas da antiga estatal estejam com tecnologia defasada. O equipamento pertence ao governo federal e deverá voltar para o controle da União ao fim das concessões. Uma estimativa da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer) aponta que, por serem mais antigos, esses sistemas perdem 40% da produtividade em relação a vagões e locomotivas mais modernos. A diferença está em fatores como peso, capacidade de carga, velocidade e consumo de combustível.
Para renovar a frota, a Abifer propôs ao governo federal a execução de um plano, que se daria em seis meses. A ideia é que o valor repassado pelas concessionárias anualmente ao governo federal, em torno de R$ 700 milhões, referente ao arrendamento, seja aplicado na aquisição de novas composições.
“Os 40 mil vagões obsoletos podem ser substituídos por até 18 mil mais modernos. E as 1,4 mil locomotivas por outras 600 com tecnologia mais recente, garantindo a mesma produtividade”, diz o presidente da Abifer, Vicente Abate. Segundo ele, os benefícios da transição chegariam aos fabricantes, às concessionárias e ao governo que, ao final das concessões, em 15 anos, teria uma frota mais recente.
Abate explica, ainda, que um dos objetivos é fortalecer a indústria, que vem apresentando oscilações significativas nos últimos anos, dificultando o planejamento das empresas. Para se ter uma ideia, em 2011 foram comercializados 5,6 mil vagões de carga. Em 2012, o número caiu para 2,9 mil e sofreu nova queda no ano passado, quando ficou em 2,2 mil e, para 2014, a estimativa é que sejam comercializados de três a 3,5 mil vagões. Embora a projeção para 2014 seja mais otimista, com um incremento de até 53%, ainda é insuficiente para retornar investimentos realizados pelas fabricantes. O faturamento, no ano, deve chegar a R$ 5 bilhões, R$ 500 milhões a mais que em 2013.
“Nós acreditamos que as novas concessões, que serão realizadas, darão um novo fôlego para o setor. Mas precisamos ter a certeza de que vamos chegar lá, garantindo a sustentabilidade do negócio”, reforça o presidente da Abifer.
Considerando a fabricação de vagões, locomotivas e trens de passageiros, o setor emprega, diretamente, 20 mil pessoas.
Fonte: Agência CNT, 11/02/2014