Seminário:O Rio não pode parar

Os investimentos em infraestrutura nos modais ônibus, metrô, trens e barcas e a ampliação da frota desses serviços foram apontadas por representantes das concessionárias de transporte público como os principais legados dos grandes eventos para a melhoria da mobilidade urbana fluminense. Os presidentes da SuperVia Trens Urbanos, CCR Barcas e Metrô Rio, Carlos José Cunha, Márcio Roberto de Morais Silva e Flávio Medrano de Almada, respectivamente, e a diretora de Mobilidade da Rio Ônibus, Richele Cabral, participaram, dia 15 de abril, do seminário “O Rio Não Pode Parar”, realizado pelo Conselho Empresarial de Logística e Transportes da Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ). No segundo painel, autoridades públicas analisaram como os problemas estruturais relacionados à mobilidade urbana emperram o desenvolvimento econômico do estado e apresentaram as medidas que estão sendo tomadas para reverter esse quadro com avanços na infraestrutura e agilidade no trânsito. Os palestrantes foram o subsecretário estadual de Transportes, Delmo Pinho; o assessor da subsecretaria municipal de Transportes, Luiz Gustavo de Oliveira Barreto, e o comandante do 1º Grupamento Especial de Trânsito da Guarda Municipal, Inspetor Ronaldo Cavalcante.

SuperVia

A concessionária receberá 72 novos trens até dezembro de 2015. De acordo com o presidente, Carlos José Cunha, a partir de junho deste ano chegarão quatro novas composições por mês, todas com design inovador, ar-condicionado, passagem interna entre os vagões, sistema que não permite a abertura de portas durante as viagens, circuito interno de câmera e capacidade para transportar até 2.600 passageiros.

“Nossa meta é chegar às Olimpíadas com todos esses trens em operação. Já recebemos dois em março, dois em abril e em maio chegará um. A partir de junho, serão quatro por mês. Todos modernizados, com ar condicionado e vida útil de 15 anos. Assim, passamos para uma condição de operação de padrão internacional”, informou.

Carlos Cunha disse ainda que todas as 102 estações passarão por algum tipo de intervenção que vão desde a melhora na acessibilidade, com colocação de 52 novos elevadores e piso tátil para deficientes visuais, até instalação de coberturas nas plataformas e novos banheiros. A infraestrutura dos trilhos também será alvo das modificações visando a melhora na qualidade do serviço. Mais uma vez o gestor aponta as Olimpíadas de 2016 como prazo para a entrega das melhorias.

“Hoje, das 102, pelo menos 30 já estão reformadas. A meta é proporcionar um salto de qualidade, de conforto e da segurança para todos os usuários do sistema. Vamos substituir também todos os 600 mil dormentes de madeira por dormentes de concreto dando muito mais conforto e estabilidade às viagens. Esse processo levará seis anos e mudará totalmente de classe a nossa via. Da mesma forma, vamos substituir 5 mil toneladas de trilho por ano”, apontou.

CCR Barcas

O presidente da concessionária, Marcio Roberto de Morais Silva, afirmou que, até o final deste, entraram em operação as primeiras de 9 embarcações aguardadas para até 2016. De acordo com ele, 7 estão sendo construídas na China, com capacidade para 200 mil passageiros, e 2 são cearenses com 500 lugares cada. Morais explicou que as embarcações produzidas no Ceará serão as primeiras a chegarem. Ainda de acordo com ele, não se tem no exterior embarcações de mais de mil lugares a pronta entrega, por isso, as barcas com mais de 70 anos de uso em operação atualmente, não podem sair de circulação até a chegada das novas.

“Temos hoje 23 embarcações, sendo 14 Catamarãs e 9 embarcações ainda tradicionais, com mais de 70 anos de uso e que devem operar. Até a chegada de toda a frota, não temos outra possibilidade. Essas embarcações que nós estamos trazendo de fora chegarão depois das embarcações de 500 lugares que servirão para resolver o problema de transporte que nós temos”, avaliou.

O presidente da CCR Barcas destacou ainda a nova estação da Praça Araribóia, com refrigeração e novo sistema de embarque, que deve ser entregue totalmente revitalizada até dezembro de 2014. De acordo com Morais, serão dois salões de embarque para abrigar 4 mil pessoas e dois saguões de mesma capacidade para que os passageiros esperem antes das 48 roletas eletrônicas, mas com conforto. Tudo monitorado por 18 câmeras conectadas ao Centro de Controle Operacional da concessionária.

“Nós estamos falando de uma área de 2.700 metros quadrados, com dois salões de embarque independentes. As catracas, que funcionarão com cartão magnético e possibilitarão um embarque mais rápido, ficam posicionadas no meio da estação, ou seja, você tem aqui um público que vai ser transportado para uma determinada embarcação e outro que aguarda a liberação das catracas com conforto, ar condicionado e segurança e não do lado de fora da estação”, observou.

Rio Ônibus

Para a diretora de Mobilidade da companhia, Richele Cabral, o maior legado que ficará para a população são os corredores expressos TransBrasil, ligando Deodoro, na Zona Norte, à Avenida Presidente Vargas, no Centro; TransOlímpica, ligando o Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste, a Deodoro; TransCarioca, conectando Barra da Tijuca, na Zona Oeste, ao Aeroporto Internacional do Galeão, na Zona Norte, e TransOeste, conectando a Barra da Tijuca  aos bairros de Santa Cruz e Campo Grande, todos na Zona Oeste do Rio.

“As linhas de BRTs vão totalizar, até 2016, mais de 100 km de vias expressas, garantindo um aumento do uso de transportes público na cidade. A ideia é integrar todos os modais de transportes de massa em um sistema tronco-alimentador, em que os corredores BRTs, juntamente com as linhas de metrô, assumam o papel para garantir uma maior integração e agilidade ao trânsito da cidade”, informou.

Richele Cabral aponta também a tecnologia como uma grande aliada à mobilidade urbana do Rio de Janeiro. Segundo ela, no próximo dia 16 de junho será lançado o aplicativo “Vá de Ônibus”, que vai permitir aos usuários terem informações sobre as linhas em seus celulares. Richele disse ainda que, até o final do ano, outro sistema permitirá que os passageiros acompanhem em tempo real a aproximação dos ônibus aos pontos, podendo assim, calcular o tempo previsto para o embarque.

“Todos nós sabemos que a cidade passa por um período de transformações e adaptações e, muitas vezes, os congestionamentos são inevitáveis. O problema é quando não há informação. Com esses dispositivos, os usuários poderão acompanhar em tempo real o que está acontecendo com seu ônibus. A nossa ideia é que em 2016 a gente tenha uma malha completa, uma malha que a gente possa sentir orgulho do nosso estado e da nossa região metropolitana. Esse é o legado que os Jogos vão deixar”, assegurou.

Metrô Rio

O presidente do MetrôRio, Flávio Almada, disse que, até 2020, a concessionária terá 80 km de trilhos na cidade do Rio, 50% a mais do que existia há 15 anos e do que existe hoje. Ele admitiu que a ampliação nesse período é muito pequena e destacou que o ideal para o município são 140 km de trilhos. Almada apontou ainda a necessidade de se investir constantemente no setor.

“A topografia do Rio não permite que se tenha mais de 140 km de trilhos. Mas concordo que passar de 40 para 80 em 15 anos é muito pouco. O que se precisa é criar uma política pública de estado com recursos anuais em mobilidade. Não se deve parar de investir nunca”, categorizou.

O presidente Almada apontou a renovação dos 30 trens antigos e a aquisição dos 19 trens chineses que estarão em operação até 2016 como as principais ações da concessionária para a melhoria da mobilidade. De acordo com ele, em operação essa frota será responsável pela redução de 1098 viagens extras de ônibus nas ruas da cidade por dia, 403 viagens extras de vans, 6451 viagens de carros particulares e 6048 de táxis.

“Além das melhorias no trafego da cidade, isso proporciona uma redução de 7 toneladas de dióxido de carbono por ano despejadas na atmosfera”, ressaltou.

O presidente do CE de Logística e Transporte da ACRJ, Eduardo Rebuzzi, destacou que a ideia de se fazer o seminário surgiu nas reuniões ordinárias realizadas mensalmente pelo conselho que reúnem importantes personalidades do setor de transportes, tanto no mundo empresarial quanto político.

“O Rio de Janeiro estava carente de obras de grande porte na parte de infraestrutura. E tudo isso que vemos hoje foi iniciado rapidamente em função dos grandes eventos. O que se deu foi um grande impacto na mobilidade urbana. O que pretendemos é, com espírito construtivo, contribuir e trazer o tema para o debate”, justificou.

O presidente da ACRJ, Antenor Barros Leal, destacou a importância do seminário para recolocar a figura do empresário no papel de homem que serve à pátria e luta pelo desenvolvimento pessoal e da nação. Barros Leal disse ainda que apoiaria um documento inspirado no evento para fortalecer a qualidade dos serviços prestados em transportes e mobilidade urbana.

“Esse serviço tão importante de mobilidade recebe todo o esforço por parte do empresário para que o país se torne digno em transporte, digno em educação, digno em saúde. Esse tipo de seminário é fundamental e a Casa de Mauá recebe a todos com muito prazer e espera que daqui surjam ideias, surja um documento para que possamos enviar ao governo no sentido de melhorar as condições dos serviços prestados”, afirmou.

Fonte: CE LOGÍSTICA E TRANSPORTE | 15/04/2014 | Por Alex Melo

Esteve também presente no seminário representando a Associação de Engenheiros Ferroviários (AENFER), o diretor de Comunicação engenheiro Fernando Albuquerque.

 

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