ABIFER na mídia: Para engenheiros, investimento em transporte público é também inteligência na integração

Sem um sistema de transporte integrado o usuário não deixará o carro em casa e a construção de corredores de VLT (Veículos Leves sobre Trilhos) contribuirá para esta integração. Este foi o recado dos participantes do Fórum SAE BRASIL de Tecnologia Ferroviária, realizado neste dia 14 de maio, em Campinas, SP.

Diversos especialistas do mercado ferroviário nacional debateram a situação da implantação do sistema VLT, os investimentos necessários e o que a indústria tem para oferecer ao mercado. Vicente Abate, presidente da ABIFER (Associação Brasileira da Indústria Ferroviária) e coordenador do Fórum, afirmou que o governo precisa priorizar o transporte público. “Mas isso deve ser feito de forma eficaz, caso contrário todo o esforço e investimento serão em vão”.

VLT – O encontro contou com três painéis que apresentaram as empresas fornecedoras de equipamentos, as operadoras e qual o papel do governo na implantação de VLT em nosso sistema de transporte.

O chairperson do Fórum e secretário municipal de Transportes de Campinas, Carlos Barreiro, enfatizou que o sistema VLT é um tipo de transporte que pode ser inserido na vida urbana sem causar impactos e transtornos nas cidades, já que é um meio que permite um convívio harmonioso com o leito urbano. “Para um crescimento sustentável as cidades precisam priorizar o transporte de massa”, disse.

Ricardo Sanchez, gerente comercial da CAF Brasil, afirmou que todos os modais de transporte devem ser considerados, pois cada um tem o seu espaço dentro de um sistema inteligente. Por isso, priorizar apenas um tipo seria um erro grave. “O problema é que no Brasil se tenta resolver os problemas de transporte só com ônibus. O VLT é um alimentador de média capacidade que deveria ligar o metrô aos ônibus. Assim ele é uma muito boa solução que se encaixa com propriedade em nossa realidade”, disse.

Luiz Fernando Ferrari, diretor comercial do Setor de Transportes da Alstom, lembrou que o objetivo do transporte urbano é diminuir o tempo de deslocamento do usuário e para isso é preciso um sistema que seja interligado e inteligente. “Não podemos satanizar os ônibus, mas eles não são a única opção de transporte. Precisamos de conjuntos, um ligado ao outro e proporcionando fluxos de transporte mais eficazes”.

Para o executivo, em grandes cidades o sistema principal deve ser o Metrô, alimentado por VLT e ônibus. Já em cidades de pequeno porte o VLT poder ser o principal sistema complementado pelos ônibus. “Segundo pesquisas feitas na Europa, um dos poucos sistemas de transporte coletivo que faz o usuário deixar o carro em casa é o VLT”, acrescentou Ferrari.

“O sistema de transporte precisa ser inteligente. Não adianta investir somente em material rodante se não tivermos um projeto que permita interligações funcionais e que facilitem o escoamento das pessoas”, afirmou Olivier Dereudre, diretor regional da Vossloh Latin América.

Sanchez acrescentou que num primeiro momento o VLT tem um gasto maior de implantação do que um sistema BRT (Bus Rapid Transit), mas que ao longo do tempo os custos de manutenção diminuem e têm um tempo de vida maior. “Essa afirmação é baseada numa pesquisa que fizemos e constatamos que, ao longo dos anos, a manutenção de um VLT vai diminuindo gradativamente tornando esse um sistema rentável e eficaz”, comentou.

Revitalização – Para os especialistas, o sistema VLT, além de ser eficaz, proporciona renovação urbana nos locais onde é implantado. Carlos Maranhão Gomes de Sá, presidente do grupo executivo do VLT da Secretaria Estadual de Desenvolvimento da RM de Goiânia, apresentou o projeto em implantação no Estado no lugar de um corredor de ônibus. “Esse corredor estava degradado e agora passa por reurbanização, fato que irá gerar um sistema mais rápido em que permitirá uma economia de até 30 minutos por dia ao usuário”, afirmou. Porém, Sá acrescentou que somente o VLT não resolverá o déficit que Goiânia tem em transporte. “É preciso integrá-lo a um corredor de BRT e com ônibus convencionais. Não há mágica, há eficiência, e para isso, é preciso agilidade do governo que precisa pensar de acordo com as demandas que surgem”, completou.

De acordo com Luiz Carlos Pereira Grillo, diretor da EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos), metade da população brasileira vive em conglomerados urbanos. “É um número muito expressivo que exige atitudes de nossos governos”, ressaltou.

“Não adianta mostrar o que há em outros países se esses projetos não forem economicamente viáveis para o País. Portanto o Brasil deve avaliar sua real situação e investir naquilo que precisa para resolver seus gargalos de transporte”, finalizou Barreiro.

Fonte: Companhia de Imprensa, 20/05/2014

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