Novo bonde de Santa Teresa faz primeiro teste no interior do estado

RIO – Os primeiros testes do bonde de Santa Teresa começaram nesta terça-feira, na sede da empresa T’Trans, em Três Rios, na Região Centro-Sul Fluminense. Mas o primeiro dos 14 bondes começará a circular em caráter experimental nas ruas do bairro apenas em agosto. O atraso na entrega do novo sistema de bondes, cujo prazo era junho — portanto, antes da Copa —, é atribuído pelo governo do estado a obras de concessionárias como CEG e Cedae ao longo do percurso, e à execução de reformas que precisavam de autorização do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), como as nos Arcos da Lapa.

Inicialmente, os bondes percorrerão um pequeno trecho entre a Rua Francisco Muratori e o Largo do Curvelo. Todo o sistema custará R$ 110 milhões, e a expectativa do governo é que oito bondes entrem em operação ainda este ano. O projeto foi aprovado pelo Iphan e o Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac).

O novo bondinho tem as mesmas medidas do transporte original: 8,5 metros de comprimento e 2,20 metros de largura. Com capacidade para 32 pessoas sentadas em bancos de madeira, ele é amarelo, com detalhes em azul, e mantém os corações vermelhos nas laterais do modelo anterior. As semelhanças, no entanto, param aí. O novo bonde é feito em aço revestido por fibra de vidro, e só permite a entrada de passageiros por um lado.

O sistema de tração é refrigerado a água, o que deixa o veículo mais leve, com 10,6 toneladas. O sistema de frenagem possui quatro redundâncias, o dobro do antigo, garantindo ao transporte um freio mais potente, segundo o engenheiro Umberto Giavina, da T’Trans. Na cabine de controle, a manivela foi substituída por um manipulador, que dá mais dinamismo ao veículo. O motorneiro poderá ficar sentado no centro da cabine.

O novo bondinho também será equipado com retrovisores, iluminação a LED, GPS e quatro câmeras, monitoradas por um centro de operações, que possivelmente funcionará na Estação Carioca. O estribo é retrátil e só será acionado no embarque e desembarque de passageiros. Desta forma, não haverá possibilidade de passageiros viajarem em pé. Cortinas de plástico transparente foram instaladas nas janelas como proteção para os dias de chuva.

— Os motorneiros já estão sendo treinados para operar o novo bonde. Também estamos estudando o modelo de tarifa que será implantado. Nossa ideia é que os moradores paguem um valor menor do que os turistas — disse o secretário estadual da Casa Civil, Leonardo Espíndola.

No teste, o bondinho percorreu uma distância de 15 metros sem conexão com a rede área, e sim movido por cabos elétricos.

O jornalista Jacques Schwarzstein, diretor de transportes da Associação de Moradores e Amigos de Santa Teresa (Amast), diz que se for mantido o ritmo atual das obras, o governo do estado só entregará o sistema totalmente revitalizado em quatro anos e meio.

— Quando as obras começaram, em dezembro de 2013, a promessa era que o primeiro trecho, dos Arcos da Lapa ao Curvelo, seria entregue em março. Passados seis meses, só terminaram o lado de subida da Rua Joaquim Murtinho. São graves as falhas de planejamento — diz.

Moradores criticam demora

Com um mapa do traçado do bondinho nas mãos, o jornalista Jacques Schwarzstein, diretor de transportes da Associação de Moradores e Amigos de Santa Teresa (Amast), faz as contas: no ritmo atual, o governo do estado só entregaria o sistema totalmente revitalizado em quatro anos e meio.

— Quando as obras começaram, em dezembro de 2013, a promessa era que o primeiro trecho, dos Arcos da Lapa ao Curvelo, seria entregue em março. Passados seis meses, só terminaram o lado de subida da Rua Joaquim Murtinho. São graves as falhas de planejamento — diz.

A babá Márcia da Silva Lima, que mora e trabalha na Joaquim Murtinho, diz que não aguenta mais o bate-estacas. Sentimento compartilhado por muitos moradores do local.

— O acesso está muito comprometido. A gente fica desanimada até de sair de casa.

Fonte: O Globo on line, 27/05/2014


 

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