Ofuscado pela imensidão do interditado Estádio Engenhão, o barulho do vai e vem de carros na Rua Arquias Cordeiro e, ironia do destino, o ranger dos trilhos da Supervia, o Museu do Trem sobrevive no Engenho de Dentro quase no anonimato. Fundado em 1984, fechado duas décadas depois para a construção do estádio (erguido no terreno do museu) e reaberto no ano passado, o espaço recebe poucos visitantes e tem uma rotina tranquila, como a das máquinas que repousam em seu acervo — mas que outrora já transportaram reis, imperadores e diversas autoridades.
— Temos uma média de 30 a 40 visitantes. O Museu do Trem sempre esteve aqui, mas o que nos falta é divulgação. Precisamos ser incluídos nos principais roteiros turísticos organizados pela prefeitura e Estado. Além de precisarmos de uma reforma, para dar um aspecto melhor ao prédio, pois as pessoas passam por aqui e acham que o museu está abandonado. Outros acham que o museu nem está aberto — afirma Bartolomeu Homem d’El-Rei Pinto, historiador e diretor do museu.
Por exemplo, o Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista — mesmo maior em tamanho e peso histórico —, recebe uma média de 300 visitantes por dia.
Além de Bartolomeu o local só possui outro funcionário, Flávio Duarte Macedo, que ajuda na manutenção. O diretor é o responsável pelas visitas guiadas. A entrada é gratuita e o horário de funcionamento vai das 10h às 16h, de segunda a sexta (exceto feriado).
Hoje com o nome oficial de Casa do Patrimônio Ferroviário do Rio de Janeiro, o Museu do Trem passou a ser administrado pelo Instituto do Patrimônio Artístico Nacional, o Iphan, após a extinção da Rede Ferroviária Federal S.A., em 2007.
— Nasci em Ilhéus, litoral sul da Bahia, e em frente à minha casa sempre passava uma “Maria-Fumaça”, pela qual eu era apaixonado. Trabalho no Iphan há 30 anos. Assim que o museu passou a ser administrado pelo orgão comecei a lutar para reabri-lo — conta Bartolomeu.
ACERVO INCLUI CARROS E OBJETOS
Um exemplo da importância do acervo do Museu do Trem é o fato de a primeira locomotiva que circulou no Brasil, em abril de 1854, estar no galpão do Engenho de Dentro. Trata-se da Baroneza (grafada com “z”, de acordo com a época). O nome foi dado em homenagem à Maria Joaquina Machado de Souza, esposa do Barão de Mauá, o responsável pela construção da primeira estrada de ferro do Brasil. Outra relíquia do século 19 é o carro imperial.
— Ele era utilizado pelo imperador Dom Pedro II para ir à residência de verão em Petrópolis. Foi fabricado na Bélgica, em 1886, já no fim do governo do monarca (destituído do poder três anos depois com a proclamação da república). No nosso acervo, também há um carro usado pelo Rei Alberto, da Bélgica, em sua visita ao Brasil, na década de 1920, quando ele foi a Minas Gerais inspecionar extração de ouro — explica Bartolomeu d’El-Rei.
O vagão utilizado pelo presidente Getúlio Vargas é outro destaque do museu, que não fica apenas nos trens, mas apresenta vários objetos ligados à história ferroviária.
— Todo o nosso acervo é original. Exibimos faróis de locomotivas, relógios de estações, equipamentos mecânicos para trens e para a construção das ferrovias — diz o diretor.
Fonte: O Globo, 25/07/2014
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