Bernardo Figueiredo, ex-EPL, avalia atuar em ferrovias

Um dos principais nomes do Palácio do Planalto na condução do megaplano de concessões de infraestrutura, Bernardo Figueiredo (ex-presidente da Empresa de Planejamento e Logística, a EPL, criada no governo Dilma) migrou da carreira pública para a privada e avalia atuar em ferrovias – justamente no pacote de investimentos conduzido por ele quando trabalhava no governo federal.

Ao Valor, Figueiredo diz que criou recentemente uma empresa, batizada de BF, para atuar na estruturação de projetos voltados a transportes. Recentemente, sua empresa e o grupo de logística e serviços JSL (antiga Júlio Simões Logística) iniciaram conversas para avaliar uma possível atuação no setor ferroviário. “Eles têm um bom perfil para aproveitar as oportunidades que esse modelo vai trazer. Estamos discutindo a possibilidade de trabalhar juntos”, afirma.

A JSL estuda as ferrovias principalmente porque já há clientes seus atuando na região de alguns dos lotes (e que por isso podem demandar transporte sobre trilhos) e, em outros casos, há potenciais clientes. A companhia avalia, inclusive, ter papel de investidora (atuando como concessionária) do modal para aproveitar as oportunidades – mas essa possibilidade ainda está em avaliação.

Com R$ 5,2 bilhões em faturamento no último ano, a JSL recebeu há cerca de dois meses autorização para entregar ao governo estudos para embasar editais de concessão de seis trechos de ferrovia. Vários outros grupos (como Votorantim Metais, Norsk Hydro, Triunfo Participações e Investimentos, UTC, Galvão Engenharia, Andrade Gutierrez e J&F), conforme o Valor já noticiou, também foram liberados para fornecer os levantamentos. Mas essas companhias ainda podem decidir se realizam as análises ou não.

Atualmente, a JSL e o ex-presidente da EPL avaliam como será a atuação conjunta em ferrovias. A parceria entre ambos pode originar, inclusive, uma nova empresa exclusivamente voltada ao setor. Mas as conversas, conta Figueiredo, ainda são preliminares.

Figueiredo é economista e ocupou o cargo de presidente da EPL em meados de 2012. Já foi considerado “xodó” de Dilma e “pai” do programa de concessões da presidente. Ficou pouco mais de um ano no cargo. Em dezembro de 2013, deu lugar a Paulo Passos, que havia saído do Ministério dos Transportes.

Antes de ser chamado por Dilma para a presidência da EPL, Figueiredo foi diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Em março de 2012, a recondução dele ao cargo foi barrada pelo Senado Federal em uma votação liderada pelo senador Roberto Requião (PMDB-PR). Por isso, Figueiredo teve de deixar o posto. Na época, a presidente Dilma enfrentava uma rebelião da base aliada no Congresso Federal e a saída de Figueiredo teve grande repercussão.

Ao longo da vida, a carreira de Figueiredo esteve quase sempre traçada na vida pública. Começou a trabalhar no extinto Grupo Executivo de Integração da Política de Transportes (Geipot) nos anos 70, em um projeto para resgatar o sistema ferroviário brasileiro. Depois foi para a Siderurgia Brasileira S.A. (de economia mista). Quando o governo Collor extinguiu a empresa, foi para a iniciativa privada, mas logo o chamaram na para a extinta Rede Ferroviária Federal (RFFSA) para atuar como chefe de gabinete e diretor da malha no Nordeste. Depois disso, teve passagem conselheiro suplente da América Latina Logística (ALL) e entrou no governo Lula por uma indicação política, na estatal Valec. Na sequência, chegou a integrar o Ministério Planejamento e a Casa Civil.

Fonte: Valor Econômico, 31/10/2014

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