Paralisação em obras da Valec irá causar 9 mil demissões

A paralisação das obras de construção das Ferrovias Norte-Sul e Oeste-Leste vai causar quase nove mil demissões nas próximas semanas, afetando principalmente os estados da Bahia, Goiás e São Paulo.

O governo federal, responsável pela construção, já foi avisado que todas as empresas responsáveis pela implementação das estradas de ferro vão ampliar os cortes de funcionários que estão sendo feitos desde o meio do ano passado. As companhias afirmam que não recebem da Valec há mais de 60 dias por faturas que foram emitidas no ano passado.
Em artigo publicado hoje na Folha, João Santana, presidente da Constran, uma das companhias que está construindo as duas ferrovias, informou que sua empresa vai parar as obras pela falta de pagamento. Ele criticou a Valec, estatal que é responsável pela construção.
Segundo Santana, a estatal não dá qualquer definição sobre quando serão feitos os pagamentos e se as empresas devem ou não continuar as obras.

Em seu artigo, João informa que as empresas não têm mais como se sustentar sem os recebimentos do governo já que não têm mais acesso a crédito nem nos bancos públicos. Ele criticou o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que, segundo ele, está fazendo superávit primário dando calote nas companhias.
ATRASOS
As duas ferrovias, que fazem parte do PAC, já tem atrasos significativos em suas construções. O trecho da Norte-Sul em obras, que vai de Ouro Verde (GO) a Estrela D’Oeste (SP), estimado em R$ 3 bilhões, foi licitado em 2010 e deveria, pela programação do governo, estar pronto em 2012. A obra, contudo, tinha cerca de 78% de avanço até o fim do ano passado e a previsão era que ficasse pronta no fim deste ano.

Esse trecho da Norte-Sul é considerado fundamental para o escoamento da produção já que ligaria as ferrovias de São Paulo, maior mercado produtor e consumidor, diretamente à estrada de ferro que vai até os portos da região norte do país.

Já a Ferrovia Oeste Leste, também licitada no governo Lula e estimada em R$ 4,5 bilhões, está ainda mais atrasada (60% de execução) e tinha previsão para estar concluída apenas em 2016. Essa ferrovia ligaria uma região com minas de ferro no interior da Bahia a um porto que está planejado para ser feito no litoral, mas que também está atrasado.

Segundo dados da Valec, que a Folha obteve pela manhã no site da empresa e que na parte da tarde foram retirados, as duas obras tinham cerca de 9,2 mil pessoas trabalhando até o mês de dezembro. Esse número já chegou a ser de 12 mil trabalhadores no início do ano passado, quando as obras avançavam em seu ritmo mais rápido nesses quatro anos.

A partir do meio do ano, o número de trabalhadores foi diminuindo, período que coincidiu com o início do atraso nos pagamentos.
A Folha procurou a Valec que disse que não iria se pronunciar, passando a tarefa aos ministérios dos Transportes e do Planejamento, que não responderam até a publicação.

Fonte: Folha de S. Paulo, 03/03/2015

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