Em fase de testes e ainda vazios, bondes voltam a circular pelo bairro de Santa Teresa

RIO — Ainda não é o retorno definitivo, mas dois bondes de Santa Teresa — dos 14 que vão entrar em operação — têm circulado pelo bairro em um trecho de 2,7 quilômetros, entre a Estação Carioca e o Largo do Curvelo. Em fase de testes, eles trafegam sem passageiros. Quem tem saudade dos amarelinhos pode comemorar. Segundo a Secretaria estadual de Transportes, em menos de um mês começam os testes com passageiros, no mesmo trecho, fora do horário de pico. Até o início da operação normal do primeiro itinerário (entre a Carioca e o Largo dos Guimarães), prevista ainda para o primeiro semestre deste ano, as passagens não serão cobradas.

— Estamos fazendo testes desde fevereiro para aferir todos os itens de segurança. É uma etapa fundamental para que tudo saia conforme planejado. Um produto feito sob demanda necessita de ajustes. É como uma roupa feita por um alfaiate — comparou Carlos Roberto Osorio, secretário estadual de Transportes.

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Desde que o sistema parou de funcionar, em 2011, depois de um acidente deixar seis mortos e 60 feridos, os bondes de Santa Teresa ficaram envoltos em polêmica. A relação entre moradores e governo ficou tensa e diversos protestos foram organizados contra a paralisação. Para complicar a situação, o ritmo das obras foi bem mais lento que o prometido. Em dezembro passado, o estado informou que tudo seria concluído até o fim deste ano. Agora, o governo recua e diz não haver prazo definido para a conclusão de toda a linha — que inclui itinerários até o Silvestre e o Largo das Neves.

— Temos mantido contato permanente com os moradores. Obras sempre incomodam, isso é natural. Mas o ritmo está mais lento do que o previsto originalmente. Estamos trabalhando para acelerar, mas ainda não estamos no ritmo em que gostaríamos — admitiu o secretário, acrescentando que o principal desafio é a compatibilização de cronogramas da Secretaria de Transportes e da Cedae, que precisa remanejar a rede de água para a implantação do sistema de bondes.

O presidente da Associação de Moradores e Amigos de Santa Teresa (Amast), Jacques Schwarzstein, confirmou a reaproximação dos moradores com o governo. Mas ele cobra a divulgação dos resultados dos testes.

— O diálogo foi reaberto. A Casa Civil não conversava conosco. Agradecemos a presença do secretário (Osorio), mas ainda é cedo para dizer que o diálogo está como deveria. Ele se comprometeu com nossas propostas, mas ainda não tivemos as respostas — avaliou Schwarzstein.

Depois do teste com passageiros, começará a operação oficial, com cinco bondes circulando entre a Carioca e o Largo dos Guimarães (onde há um acesso para a garagem do sistema). Nessa etapa, as viagens passarão a ser cobradas. O valor das passagens, entretanto, ainda é uma incógnita.

— Não definimos o valor da tarifa. Estamos fazendo estudos, mas ainda precisamos decidir isso. O conceito é de um bonde que atenda ao bairro de Santa Teresa. Não é bonde para turista. Por isso, será necessária uma tarifa adequada. O ponto de partida é a tarifa de quatro anos atrás, R$ 0,60 — disse Osorio.

À medida que os primeiros trechos forem concluídos, os demais continuarão sendo implantados. Mudanças viárias e de itinerários de ônibus estão sendo estudadas para facilitar a circulação em Santa Teresa. Os bondes estão sendo fabricados pela empresa TTrans, em Três Rios, no Centro-Sul Fluminense.

Fonte: O Globo, 07/03/2015

 

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