Apesar de reconhecer problemas relacionados à segurança, como o aumento nos casos de roubos, Carlos José Cunha, presidente da concessionária SuperVia, que administra o serviço ferroviário no Rio, elogia o ramal Deodoro, diz que o sistema teve melhorias nos últimos anos e promete que toda a frota terá ar-condicionado até o fim de 2016.
Muitos passageiros dos trens criticam o sistema, que ainda deixa muito a desejar em pontualidade e qualidade. Qual avaliação o senhor faz, quatro anos após a concessão?
Podemos melhorar sempre, mas temos avançado. O problema é que qualquer ponto fora da curva é potencializado de uma maneira muito grande. Fica uma imagem um pouco deturpada. Saímos de 700 viagens por dia, em 2011, para 1.200 viagens/dia, hoje. A frota tinha 20% dos trens com ar-condicionado, hoje temos 80%. E chegaremos a dezembro de 2016 com toda a frota climatizada. Passamos de 400 mil para quase 700 mil passageiros por dia. Os passageiros estão entendendo as melhorias. É o modal que mais cresce, 10% ao ano, mesmo com queda do PIB.
Os relatos de assaltos em estações e composições da SuperVia preocupam?
Essa não era uma preocupação há seis meses. Mas isso mudou. É uma situação que ocorre na cidade toda, no país todo, fruto das dificuldades econômicas. Os registros passaram a ser mais frequentes em todos os ramais. A SuperVia tem 800 fiscais voltados para atendimento ao passageiro. Não posso ter segurança armado. É uma obrigação do estado. Noventa PMs fazem esse trabalho. Eram 40 há três meses. Temos 270km de linhas. É preciso que o governo entenda a necessidade de reforçar a segurança. Queremos a volta do Batalhão Ferroviário (extinto em 2009). Essa é uma reivindicação permanente.
Que nota o senhor daria para a SuperVia?
Eu prefiro deixar que os passageiros avaliem. E eles deram 6,5 na última avaliação que fizemos. Ontem (anteontem) andei no ramal Deodoro e fiquei muito satisfeito. Esse ramal funciona hoje com padrão metrô, com intervalo de 5 minutos, e com trens novos. Focamos agora em melhorias no ramal Belford Roxo. Até 2020, todas as 102 estações estarão reformadas.
Fonte: O Globo, 21/08/2015