Pesquisa feita pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgada há duas semanas, mostra que 31% dos cerca de dois mil entrevistados perdem mais de uma hora para se deslocar entre suas residências, o trabalho e o local em que estudam. O resultado é maior do que os 26% apurados pela sondagem em 2011. Pelos evidentes problemas do trânsito nas grandes cidades, o transporte de passageiros atrai a atenção de empresas francesas no Brasil, como Alstom, Systra, Keolis e Egis.
A movimentação tem gerado negócios, como a aquisição de consultorias brasileiras que atuam na área ou investimentos em construção de novas fábricas para atender à demanda.
De olho na demanda por Veículos Leves sobre Trilhos (VLT), a Alstom investiu cerca de R$ 50 milhões na construção de uma unidade, inaugurada em março, em Taubaté (SP), focada na fabricação desses trens urbanos. A nova fábrica possui cerca de 16 mil m2 e é capaz de produzir de sete a oito trens por mês. Os primeiros VLTs a serem produzidos são parte dos 32 trens encomendados para a cidade do Rio de Janeiro, para o consórcio do VLT Carioca, um pedido de € 230 milhões.
O contrato é parte do projeto Porto Maravilha, liderado pelo município, para modernizar a zona portuária do Rio. O primeiro dos cinco trens a serem fabricados na França chegou à capital fluminense em julho. Os outros 27 VLTs serão produzidos em Taubaté, São Paulo. Atualmente, cidades como Santos, Rio de Janeiro, Goiânia estão com projetos de VLT em andamento, mas outros municípios estão estudando adotar essa alternativa também, como Salvador.
“A Alstom investiu em uma nova linha de produção para acompanhar novos projetos de VLTs, não só para o Brasil, mas também para toda a América Latina”, afirma Michel Boccaccio, vice-presidente sênior da Alstom Transport na AL.
Já a unidade de produção de metrôs do Brasil tem transferido tecnologia para outras filiais da Alstom no mundo. O primeiro carro produzido pela empresa na Índia entrou em operação em junho. O contrato teve participação da fábrica da Lapa, zona oeste de São Paulo, que produziu as primeiras composições usadas na linha indiana.
Em agosto, a Systra, braço de consultoria para a área de mobilidade urbana criada pela RATP, gigante que controla o metrô de Paris, e a SNCP, que gerencia a rede ferroviária francesa, anunciou a aquisição da Tectran, consultoria especializada em transportes públicos, logística e pesquisa de tráfego. Com sede em Belo Horizonte, a Tectran emprega 80 pessoas e trabalha, desde 2013, em projetos de mobilidade para o metrô de BH em parceria com a francesa. “A aquisição reforça a presença em um mercado com grandes demandas de infraestrutura”, disse o CEO da empresa, Pierre Verzar. O valor da transação não foi divulgado.
Outro grupo atuante é a Egis, que participa do consórcio que administra o aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP), concedido em 2012. No fim do ano passado, a Egis comprou o controle da Lenc Engenharia, uma das líderes do mercado brasileiro de estudos e projetos de engenharia e arquitetura voltados para a infraestrutura de transportes.
A Keolis, uma das maiores empresas de mobilidade urbana do mundo e que gerencia a rede ferroviária da França, também está de olho em sua expansão para mercados emergentes. A empresa foi uma das participantes, em 2013, de Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI) do projeto de metrô de Curitiba. O processo de licitação foi paralisado ano passado pelo Tribunal de Contas do Estado do Paraná. A expectativa do governo é lançar o edital este ano.
Fonte: Valor Econômico, 21/10/2015
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