Linha 4 do metrô, no Rio de Janeiro, pode atrasar se União não liberar mais R$ 1 bilhão

Uma das promessas para as Olimpíadas, a Linha 4 do metrô pode não ficar pronta até julho de 2016. O custo da obra subiu, e o governador Pezão tenta negociar junto à União novo empréstimo. Prometida para as Olimpíadas, a Linha 4 do metrô corre o risco de não ficar pronta antes dos Jogos, que serão realizados em agosto do ano que vem — apenas a estação da Gávea tinha inauguração prevista depois do evento. São dois problemas: a obra ficou cerca de R$ 1 bilhão mais cara e o Ministério da Fazenda está demorando a dar o aval para o BNDES liberar a última parcela de um financiamento já aprovado. Para tentar resolvê-los, o governador Luiz Fernando Pezão foi a Brasília na quarta-feira para se reunir com o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que ficou de dar uma resposta para os pedidos de recursos em dez dias.

A preocupação com o cumprimento do cronograma das obras cresce dentro do governo estadual. O secretário de Transportes, Carlos Roberto Osorio, deixou claro ontem que os trabalhos vão atrasar se o Ministério da Fazenda não autorizar a liberação, este mês, de R$ 445 milhões do financiamento do BNDES já aprovado pelo Tesouro. Segundo ele, outros R$ 500 milhões, que não estavam previstos no projeto original, também são necessários para a solução imediata de imprevistos.

— Esses recursos são indispensáveis para a conclusão da obra no prazo olímpico, que terminará em julho. De qualquer forma, estamos confiantes que Levy vá liberar esse dinheiro a mais — disse Osorio.

O secretário afirmou que, além dos R$ 945 milhões que o estado espera receber a curto prazo, R$ 500 milhões também são necessários para a conclusão das obras na estação Gávea até o fim de 2016. Por conta de acréscimos no custo do projeto, o valor total da nova linha engordou: deve chegar a R$ 9,7 bilhões. O orçamento original era de R$ 8,5 bilhões.

MUDANÇAS NO PROJETO ENCARECERAM OBRA

Entre os serviços que encareceram a obra, Osorio citou a construção de dois túneis, em vez de um, entre o Jardim Oceânico, na Barra, e a Rocinha.

— Houve uma mudança da regulamentação internacional. Não poderíamos construir apenas um túnel de cinco quilômetros. Passamos a ter que abrir dois. E, a cada 200 metros, também tivemos que fazer conexões entre ambos, que poderão ser utilizadas como passagens de emergência — informou o secretário.

Outro motivo para o encarecimento da obra foi o uso de escoramentos no subsolo das ruas Barão da Torre e Visconde de Pirajá, em Ipanema. A intervenção foi feita para evitar novos afundamentos após o acidente, em maio, com o tatuzão, equipamento usado para perfuração. Na ocasião, duas crateras se abriram no bairro.

Até mesmo a proibição da circulação de caminhões pelo Elevado do Joá, imposta há três anos por problemas estruturais, foi apontada como razão para o aumento de gastos. De acordo com o secretário de Transportes, caminhões que levavam o entulho das explosões para a abertura do túnel entre São Conrado e Barra tiveram de mudar de percurso até Jacarepaguá, onde descarregavam o material.

A duplicação do tamanho da estação da Gávea também está na lista de acréscimos ao orçamento da obra. Caso o governo federal libere mais recursos para a Linha 4, o estado já deixará pronto um rabicho para a expansão do trecho entre o Jardim Botânico e Botafogo.

— O Comitê Olímpico Internacional está ciente da necessidade desses recursos adicionais. Os valores vêm sendo avaliados pela Riotrilhos e pela Procuradoria-Geral do Estado — frisou Osorio.

Do orçamento original de R$ 8,5 bilhões, R$ 6,6 bilhões foram aprovados pelo BNDES. Já foram entregues R$ 6,1 bilhões.

Fonte: O Globo, 11/12/2015

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