Sem qualquer constrangimento, apoio-me na matéria do confrade, Ruben Berta, de 15 de fevereiro de 2016, que traça muito bem o cenário devastador, fúnebre sob o título: Estatal dos trens teima em não parar”, na qual focaliza, com riqueza de informações, o estágio de abandono do acervo dos bens ferroviários sucateados e estacionados no pátio da Estação de Barão de Mauá, da antiga e saudosa Estrada de Ferro Leopoldina, em pleno centro da cidade do Rio de Janeiro.
Em 2015, foi constituída a Frente Parlamentar Ferroviária de Preservação da Memória e Patrimônio Ferroviário, que se constitui na esperança dos ferroviários e ferroviaristas em ver a salvo a Memória e o Patrimônio físico composto por locomotivas, carros, vagões, instalações específicas e equipamentos em geral.
Com a edição da Lei que extinguiu a Rede Ferroviária Federal S.A.-RFFSA, em maio de 2007, o Instituto do Patrimônio Artístico Nacional- IPHAN, recebeu a responsabilidade legal para a preservação do que restou da RFFSA, em toda a extensão dos trechos, estabelecido na Lei nº 11483/07.
Já escrevemos, reiteradamente, que do contingente de 200 parlamentares da Frente, cerca de 20 são do Estado do Rio de janeiro, e, sobre estes pesa o grande encargo de atuar com eficiência para preservar e rapidez o grande acervo, que ainda resta bem como a revitalização dos trens de passageiros, nos trechos fluminenses desativados, a fim de que se efetive a cantada e decantada mobilidade urbana.
Na condição de ferroviário aposentado, dá vontade de chorar ao constatar o abandono dos veículos, que, por longos anos, transportaram cargas e passageiros, por anos e anos, por sobre trilhos, os produtos e as pessoas. Dizia o professor Victor José Ferreira, de saudosa memória, que trem de passageiro é o que tem alma, pois transporta gente, pessoas.
Creio que a Frente Parlamentar Ferroviária tem poderes institucionais para reverter essa situação, atuando junto aos órgãos competentes, e remover todas as dificuldades que estão no caminho da revitalização dos trens, com a volta do Brasil aos trilhos, efetivamente.
Já escrevi o jargão da Ordem dos Advogados do Brasil, da qual sou “ parte pri”: “Sem advogado não há Justiça.” Plagiando a OAB, afirmo, em repetição: Sem ferrovias e trens de passageiros, não haverá mobilidade urbana.
Muitas realizações em nível nacional precisam ser operacionalizadas pelas autoridades, a fim de que o modo ferroviário volte ao “status quo” de antes da criação da RFFSA, durante ela e a partir da existência da FPFPMPF.
Os bens da ex-RFFSA (materiais) e os de ordem de recursos humanos ativos e os aposentados e pensionistas, que estão ao Deus dará, precisam de um olhar de reconhecimento das altas autoridades deste País, pois foram e ainda são os que fizerem e ainda fazem os poucos trens “andarem”.
É abominável o estado de coisas que se vê no contexto, sem que medidas imediatas sejam adotadas, a fim de se evitar o colapso total do que ainda resta da memória e do patrimônio físico-histórico das 22 ferrovias.
Este ano, comemoram-se os 162 anos de ferrovia. A primeira estrada de ferro circulou em 1854, inaugurada por Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá, hoje merecida e reconhecidamente elevado ao grau de Visconde de Mauá.
Portanto, e sem embargo, insisto em remeter para à Frente Parlamentar Ferroviária, o sentimento de esperança, no sentido de que os parlamentares que a integram, principalmente, os do Estado do Rio de Janeiro, irão realizar grande esforço pessoal e empregar os seus prestígios políticos, a fim de que tudo seja “salvo das águas barrentas” de alguns inoperantes no contexto do modo ferroviário.
Genésio Pereira dos Santos – Advogado, jornalista e associado da Aenfer
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